Özcan: Turquia deve prepara-se para novos atentados

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Ancara voltou a ser palco de um atentado, o terceiro desde outubro. As medidas de segurança foram reforçadas, mas incapazes de evitar uma nova

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Ancara voltou a ser palco de um atentado, o terceiro desde outubro. As medidas de segurança foram reforçadas, mas incapazes de evitar uma nova explosão com recurso a uma viatura armadilhada. As autoridades turcas apontam o dedo ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão.

Em 2015, dois bombistas suicidas fizeram-se explodir na mesma cidade, enquanto decorria uma marcha pela paz. No total, 103 pessoas morrem e cerca de 250 ficaram feridas no ataque mais mortífero da história moderna da Turquia.

Em fevereiro, uma explosão provocada por um carro-bomba provocou 30 mortos e mais de 60 feridos. Na altura, o governo turco responsabilizou o PKK e as milícias curdas sírias, mais conhecidas por Unidades de Defesa do Povo. O atentado acabou por ser reivindicado por um grupo dissidente do Partido dos Trabalhadores do Curdistão.

Esta segunda-feira, aviões turcos bombardearam posições do PKK no norte do Iraque. Já na província de Sirnack, parte turca do Curdistão foi decretado o recolher obrigatório.

A Turquia está, também, de olhos postos nos curdos que combatem na Síria e que têm sido os principais aliados da coligação internacional na luta contra o autodenominado Estado Islâmico.

No sudeste da Turquia, os últimos meses ficam marcados por operações militares, pelo recolher obrigatório imposto em cidades como Diyarbakir e Cizre e pela troca de acusações.

“Isto é uma crueldade. Esta não é uma batalha contra o terrorismo. Isto é matar pessoas por atos terroristas conduzidos por um Estado” refere o líder do Partido Democrático do Povo, Selahattin Demitras.

“Eles não querem a paz. Pelo contrário, querem arrastar a Turquia para o caos e nós não vamos permitir que isso aconteça” defende o primeiro-ministro turco, Ahmet Davotoglu.

O Partido Democrático do Povo, partido pró-curdo da oposição já lamentou e condenou o atentado deste domingo. Palavras que não impediram uma nova troca de acusações. O mais recente atentado em Ancara promete desencadear uma nova onda de violência.

Nihat Ali Özcan da Fundação para a Investigação de Política Económica da Turquia (TEPAV) admite que o país possa ser alvo de novos ataques nos próximos meses. Mais, este perito em segurança acredita que com a chegada da primavera os atentados perpetrados pelo PKK se vão estender às áreas rurais.

Bayraktar: O ataque deste domingo em Ancara é o terceiro no espaço de cinco meses. Que tipo de ataques são estes e, na sua opinião, o que pretendem os autores?

Özcan: “Penso que os três ataques que, nos últimos cinco meses, atingiram a capital têm um significado simbólico. É uma mensagem contra o governo e contra o próprio Estado. Os autores estão a operar segundo a estratégia do Partido dos Trabalhadores do Curdistão. Existem algumas razões para que tenham ocorrido em Ancara. Desde logo, as operações no sudeste da Turquia. O Partido dos Trabalhadores do Curdistão quer acabar com a pressão que recai sobre o grupo, fruto destas operações. Ao mesmo tempo, quer captar a atenção pública, daí os ataques em Ancara. É provável que este tipo de ataques continue tendo em conta a situação na região mas, também, no Iraque e na Síria. A meu ver, as operações em curso vão ter efeitos colaterais.”

Bayraktar: Considera que a Turquia está a ter o apoio necessário por parte da Europa na luta contra o terrorismo?

Özcan: “A luta contra o terrorismo é um problema que não afeta, apenas, a Turquia. As ações terroristas num determinado país não podem ser justificadas com a interdependência complexa, com a globalização ou os novos desenvolvimentos tecnológicos. Não podem ficar limitadas a um espaço. Deste ponto de vista, a desestabilização da Turquia e o PKK são uma tentativa para enfraquecer e prejudicar as funções do Estado ou para alterar as suas prioridades, o que não é bom para a Europa.
A questão dos refugiados, que é outra questão de segurança na Turquia também vai ter consequências na Europa. Já que representa um risco para o continente. É, por isso, que o apoio dos países europeus no que toca à segurança e à estabilidade da Turquia é benéfico não só para nós. Ou seja, vai ajudar a própria União Europeia a reforçar a segurança e a sua estabilidade além-fronteiras.”

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