Dallas: Principal suspeito era veterano de guerra no Afeganistão

Dallas: Principal suspeito era veterano de guerra no Afeganistão
De  Antonio Oliveira E Silva com REUTERS, ASSOCIATED PRESS
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Micah Johnson, 25 anos, o principal suspeito no ataque de Dallas, pertenceu ao exército dos EUA entre 2009 e 2015.

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As autoridades norte-americanas dizem que foi um cidadão dos Estados Unidos de 25 anos, afro-americano, antigo combatente na guerra do Afeganistão, quem abriu fogo durante uma manifestação organizada na cidade texana de Dallas para protestar contra a morte de dois cidadãos negros nas mãos da polícia. Micah Johnson terá dito que queria “matar polícias brancos.”

Segundo a agência Reuters, sete agentes e dois civis ficaram feridos durante o ataque, que teve lugar no centro de Dallas esta quinta-feira. A polícia informou que Micah Johnson foi abatido com a ajuda de um robot que transportava uma bomba, depois de uma hora de impasse e de negociações entre as forças de intervenção especial e o atacante. Johnson acabou por ser cercado no interior do parque de estacionamento onde fora intercetado pela polícia. Johnson surge como principal suspeito, ainda que os polícias presentes na manifestação pensassem, na altura, que eram atacados por vários atiradores furtivos, numa ação realizada em conjunto.

O chefe da polícia de Dallas, David Brown, disse que o ataque tinha sido “bem planeado, bem pensado, uma tragédia terrível” e pediu às pessoas que não deixassem que o atirador “lhes roubasse a democracia.”

Incredible turnout came in support of our officers. pic.twitter.com/ofEy7QX5k5

— Dallas Police Depart (@DallasPD) 8 de julio de 2016

O tiroteio, que comceçou pouco depois das 20:45 locais, causou pânico entre centenas de manifestantes. Grupos de pessoas surgem em videos amadores a correr de forma confusa, temendo pelas suas vidas. O protesto, no entanto, tinha decorrido de forma pacífica e sem qualquer confronto entre agentes e manifestantes, ainda que esta fosse uma marcha contra o que se entendia como abusos de autoridade por parte das forças de ordem nos Estados Unidos, especialmente depois das mortes ocorridas nos estados de Louisiana e Minnesota.

Jeh Johnson, o Secretário do Departamento de Segurança Interna dos EUA, disse aos jornalistas em Nova Iorque que, até ao momento, tudo indicava que o ataque teria sido perpetrado por apenas um sujeito armado, sem ligações conhecidas ou contactos com uma organização reconhecida como terrorista a nível internacional.

A polícia informou que, depois de buscas feitas na casa de Johnson em Mesquite, região metropolitana de Dallas, foram encontrados materiais que permitiriam preparar bombas, munição e armas de assalto. No entanto, Johnson não tinha antecedentes criminais.

Pelo menos duas pessoas foram detidas pela polícia em relação com ataque. Alguns meios locais falam na detenção de uma terceira mulher, que teria sido intercetada no parque de estacionamento onde Micha Johnson teria sido abatido pela polícia. Outro homem, cuja foto foi divulgada nos media e redes sociais como sendo um dos suspeitos, entregou-se às autoridades, acabando por ser libertado horas depois.

O ataque teve lugar no fim de uma marcha de protesto organizada pelo movimento Black Lives Matter (As vidas negras importam), um movimento nascido nos protestos contra a brutalidade policial exercida sobre a comunidade afro-americana.

Five officers dead, seven wounded. One suspect identified. What We Know from Dallas: https://t.co/I1o1kIwLpf

— AP Central U.S. (@APCentralRegion) 8 de julio de 2016

Os últimos dois incidentes envolvendo a morte de dois homens negros nas mãos de agentes da polícia brancos tiveram lugar na semana passada, nas cidades de Baton Rouge, Louisiana, e Saint-Paul, Minnesota. Ambos os homens mortos pela polícia estavam desarmados.

Foi considerado como o maior ataque sofrido por forças de segurança nos Estados Unidos desde os ataques jihadistas de 11 de setembro de 2001, na cidade de Nova Iorque.

Micha Johnson chegou a expressar a sua raiva contra a maioria branca dos EUA no Fa cebook, num grupo chamado Black Panther Party Mississippi no sábado passado, queixando-se da violência sofrida pela comunidade afro-americana.

“Porquê tantos brancos (não todos) apreciam matar e participar na morte de Seres inocentes?” escreveu Johnson.

O exército dos Estados Unidos disse que Johnson pertenceu à armada entre 2009 e 2015 e confimou a sua presença no Afeganistão, entre novembro de 2013 e julho de 2014. Tinha, segundo o exército, formação como carpinteiro.

Jim Otwell vive em Mesquite, na região metropolitana de Dallas, e era vizinho Johson. O homem que viria a disparar contra polícias em Dallas sempre lhe parecera boa pessoa:

“Vi que ele detestava gente branca e posso dizer-lhe o seguinte: Sou branco e ele até me convidou para ir a casa dele. O que terá acontecido? Tenho a certeza que tudo o que aconteceu tem a ver com Louisiana e Minnesota. Mas sempre me pareceu uma boa pessoa e custa-me a acreditar.”

Colleagues and family members are trying to understand why a police officer fatally shot “Mr. Phil.” https://t.co/KooZacdYTB

— AP Central U.S. (@APCentralRegion) 8 de julio de 2016

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse, durante uma conferência de imprensa em Varsóvia, Polónia, onde se encontrava para um encontro entre os membros da NATO/OTAN, descreveu o sucedido como “um ataque terrível, calculado e desprezível contra os agentes da autoridade.”

Relembrando a necessidade de estabelecer leis que dificultem o acesso a armas de assalto por parte da população, o presidente Obama disse ainda que o facto de armas de assalto serem tão fáceis de adquirir fazem com que estes ataques sejam ainda mais mortíferos.

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