Pedro Pablo Kuczynski: Banqueiro, músico, tecnocrata e novo presidente do Peru

Pedro Pablo Kuczynski: Banqueiro, músico, tecnocrata e novo presidente do Peru
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De  Beatriz Beiras com António Oliveira e Silva, EFE E AMERICA TV
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Pedro Pablo Kuczynski, antigo banqueiro em Wall Street e formado em Oxford e Princeton, é o novo presidente da República do Peru.

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Com António Oliveira e Silva, Reuters, EFE e America TV

Combater a pobreza, relançar a economia, fazer do Peru um país mais seguro e agradar os apoiantes e eleitores da família Fujimori. São os desafios do novo presidente do Perú, Pedro Pablo Kuczynski, que permanece no cargo até 2021, depois de vencer por apenas 41 mil votos Keiko Fujimori, filha do antigo presidente Alberto Fujimori, atualmente preso por crimes contra a humanidade e corrupção.

Kuczynski foi eleito com a ajuda de uma coligação que reuniu várias tendências do panorama político peruano e cujo objetivo foi o de impedir que a filha de Fujimori, que cumpre uma pena de prisão de 25 anos, presidente do Peru entre 1990 e 2000, acedesse à presidência. Entre destacadas figuras da sociedade peruana que apoiaram a candidatura de Kuczynski, surgem nomes como o escritor Mario Vargas Llosa, Prémio Nobel da Literatura em 2010, e Javier Pérez de Cuéllar, antigo Secretário-geral das Nações Unidas.

Durante as suas primeiras declarações como presidente do Peru, Kuczynski disse que em breve dará a conhecer “um plano de segurança para a cidadania,” que inclui políticas de combate à extorsão e instrumentos para melhorar a qualidade do trabalho da polícia.

#Perú: ocho retos que el próximo gobierno deberá afrontar https://t.co/THhDSQRoinpic.twitter.com/SiBugFnxnD

— El Comercio (@elcomercio) July 28, 2016

O crime é um dos maiores problemas da sociedade peruana, como acontece em tantos outros países latino-americanos. Segundo o Instituto Nacional de Estatística e Informática do Peru, o INEI, a taxa de homicídios foi, em 2015, de 7,2 por cada 100 mil pessoas. O novo presidente falou também em “revolução social” e na necessidade de dar aos cidadãos serviços sociais dignos e garantiu que os programas de apoio implementados durante a presidência de Ollanta Humala são para manter e melhorar.

Por outro lado, no que ao relançamento da economia diz respeito, Kuczynski garantiu que serão aplicadas formas de incentivo aos investimentos e que serão reduzidos os impostos sobre o consumo. O objetivo? Que o Peru se afirme como um país de rendimentos médios. E, para que tal aconteça, é necessária uma taxa de crescimento anual na ordem dos 5%.

A questão Fujimori

Pedro Pablo Kuczynski venceu Keiko Fujimori por apenas 41 mil votos. A filha do antigo presidente peruano, Alberto Fujimori, é apoiada pela maioria no Congresso peruano, o partido Fuerza Popular (direita conservadora, fujimoristas), fundado em 2009 para participar nas eleições de 2011, com 73 dos 130 lugares no hemiciclo. O partido de Pedro Pablo Kuczynski, Peruanos Por el Kambio (Peruanos pela Mudança, centro-direita, liberal) conta com apenas 18 deputados. Apesar da vitória, o peso dos chamados fujimoristas no panorama político Peruano parece ter a capacidade de determinar boa parte do sucesso dos primeiros anos da presidência de Kuczynski, que terá de decidir se aceita uma possível amnistia ao antigo presidente Fujimori, que cumpre uma pena de prisão de 25 anos.

Um pedido de indulto fora feito durante a presidencia de Ollanta Humala, em 2013, que recusou a amnistia ao antigo presidente Fujimori. Um novo pedido foi feito já no final do mandato do presidente Humala, mas a tramitação do mesmo foi recusada pelo ainda presidente, por questões procedimentais.

Pedro Pablo Kuczynski disse, no entanto, que não tem a intenção de deixar que Fujimori se livre da pena de prisão, mas propôs uma alternativa. Em declarações aos jornalistas, disse que assinaria um documento que permitisse que Fujimori cumprisse a pena em casa:

“Não é uma proposta para um indulto, mas sim uma proposta para que a pena seja cumprida em casa e isso chama-se prisão domiciliária, o que posso assinar, mas não um indulto.”

A decisão anunciada pelo presidente Kuczynski poderia vir a custar-lhe muitas dores de cabeça. A maioria fujimorista no Congresso diz que tem a intenção de tomar “decisões autónomas” sempre que necessário, pelo que as relações entre os poderes Executivo e Legislativo poderiam ser marcadas por tensões num futuro próximo. O partido Fuerza Popular já anunciou que iria avaliar qualquer iniciativa do Executivo Kuczynski relativamente a reformas legislativas nos planos económico e de segurança.

Pedro Pablo Kuczynski
*Nasceu em Lima em 1938
*Com 77 anos, é o presidente mais velho alguma vez eleito no país
*Cidadão do Peru e dos Estados Unidos
*Filho de um médico alemão de origem judia e de uma professora franco-suíça
*Casado com uma norte-americana
*Economista de formação
*Estudou em Oxford e em Princeton
*Estudou música na Suíça e no Reino Unido
*Banqueiro em Wall Street, trabalhou também no Banco Mundial e na Administração Pública peruana
*Três vezes ministro em anteriores Governos

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