A justiça mexicana deverá investigar a Polícia Federal e diferentes polícias estatais no chamado "Caso dos 43".
Com Reuters e Efe
O México deverá alargar a investigação sobre o caso dos 43 estudantes desaparecidos em Iguala (estado de Guerrero, sul) em setembro de 2014, às forças policiais dos estados e à própria Polícia Federal.
A decisão foi anunciada depois de um período de investigação focado nas autoridades locais, nomeadamente nos agentes da polícia local das localidades onde teve lugar o desaparecimento dos estudantes.
Segundo o Procurador Federal destacado para a investigação do desaparecimento dos estudantes, Alfredo Higuera, foram ouvidas, até ao momento, cerca de 100 pessoas.
O Procurador referiu ainda que, das 100 declarações, 39 são de polícias de investigação do estado de Guerrero e 19 de agentes da Polícia Federal.
A investigação permitiu o cruzamento de dados relativos a chamadas realizadas por agentes da polícia e funcionários públicos durante a noite dos acontecimentos, assim como de alguns estudantes. As informações foram recolhidas entre 2014 e os primeiros meses de 2015.
Críticas à investigação
Apesar das muitas críticas e protestos de que tem sido alvo todo o processo, tanto a nível interno, como a nível externo, Higuera defendeu a transparência e liberdade com as quais a investigação tem sido levada a cabo:
“Não houve qualquer tipo de limitação quando chamámos a depor quem achámos necessário. Contámos com a presença (…) de todos os níveis de governo,” disse o Procurador.
Alfredo Higuera foi nomeado Procurador Federal especial para o “Caso dos 43” um mês depois de um grupo de peritos internacionais nomeados pela Comissão Interamericana para os Direitos Humanos ter criticado a investigação levada a cabo pelas autoridades mexicanas por causa de “faltas severas” cometidas durante todo o processo.
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— compa octaviusmex (octaviusmex) <a href="https://twitter.com/octaviusmex/status/772287907088379908">4 September 2016</a></blockquote> <script async src="//platform.twitter.com/widgets.js" charset="utf-8"></script> <br> A CIDH concluiu que se deram obstruções à justiça e uma possível manipulação de provas por parte de um alto funcionário da Procuradoria Geral da República (PGR, também conhecida no México como _Fiscalía Federal_). Registou-se também a prática de torturas a detidos relacionados com o caso. <br> <blockquote class="twitter-tweet" data-lang="en-gb"><p lang="es" dir="ltr"><a href="https://twitter.com/hashtag/M%C3%A9xico?src=hash">#México</a>: Ponemos en marcha mecanismo especial de seguimiento para caso <a href="https://twitter.com/hashtag/Ayotzinapa?src=hash">#Ayotzinapa</a> <a href="https://t.co/OTR6hNw8KM">https://t.co/OTR6hNw8KM</a></p>— CIDH (
CIDH) 14 September 2016
Também Luis Raúl González, Ombudsman mexicano (Defensor do povo), teceu fortes críticas à atuação das autoridades e disse que “os jóvens (…) passaram pela barbárie, pelo abandono por parte da lei e pelo esquecimento da parte da Justiça.”
Em janeiro de 2015, a as autoridades disseram ter chegado à conclusão de que os 43 estudantes tinham sido mortos por um grupo de delinquentes que atuava em conjunto com as polícias locais de Iguala e Cocula, chamado Guerreros Unidos.*
O desaparecimento e o provável massacre, há dois anos, dos 43 estudantes da Escola Normal Rural de Ayotzinapa, no estado de Guerrero, mancharam a imagem internacional do México e do presidente Enrique Peña Nieto.