Crise política em Espanha: Líder do PSOE ameaça demitir-se

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De  Francisco Marques  com LUSA, EFE, EL MUNDO, EL PAIS
Crise política em Espanha: Líder do PSOE ameaça demitir-se

Ou o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) se mantém firme na posição de bloqueio à formação de governo por Mariano Rajoy (Partido Popular, PP) ou o líder Pedro Sanchez bate com a porta e obriga o PSOE a eleger à pressa um novo líder. A ameaça foi feita na véspera da reunião deste fim de semana do “comité federal”, o órgão máximo dos socialistas, juntando mais de 270 delegados e com mais poder que o próprio secretário-geral.

Se o comité federal do partido socialista decidir mudar a sua posição e passar à abstenção, como é óbvio não posso gerir uma decisão que não partilho.

Pedro Sanchez Secretário-geral do PSOE

O plano de Pedro Sanchez passa por convencer o “comité federal” a manter-se contra a formação de governo por Rajoy, a marcar eleições primárias já para 23 de outubro e um congresso extraordinário para 12 e 13 de novembro. Com isto, o secretário-geral do partido espera ser reeleito, prolongar o mandato como principal líder da oposição e aspirar à eleição para Presidente do Governo.

A estratégia choca com a opinião de alguns críticos de Sanchez, que defendem a entrega pelo “comité federal” da liderança do partido a uma comissão gestora e a marcação de um congresso ordinário para depois da formação de foverno de Espanha.

(imagem jornal ABC)

A Espanha vive desde 26 de outubro do ano passado com um governo interino ou em mero cumprimento de funções. É uma crise política que dura há mais de 300 dias, com duas eleições legislativas inconsequentes. O Partido Popular tem sido o mais votado, mas sem resultados suficientes para formar um governo com maioria no parlamento. Todas as tentativas de alianças têm falhado. Sanchez recusa-se viver mais quatro anos com Rajoy à frente do governo, mas o PSOE começa a sofrer brechas e o líder socialista está na corda bamba.

“Se o comité federal do partido socialista decidir mudar a sua posição e passar à abstenção, como é óbvio não posso gerir uma decisão que não partilho. Se há algo que os meus pais me ensinaram, é que as únicas coisas que tenho e que devo preservar são a minha palavra e as minhas convicções”, afirmou Pedro Sanchez, colocando pressão sobre o “comité federal.”

Na quarta-feira, 17 membros demitiram-se da direção de Pedro Sanchez. Sobram 15 na direção e cerca de 275 no “comité federal”, que é liderado pela andaluza Veronica Pérez, autoproclamada quinta-feira como máxima autoridade no PSOE. Entretanto, a presidente da Junta da Andaluzia, Susana Diaz, ganha protagonismo.

“Porque é que o PSOE não é ganhador? E porque é que sempre que fomos às urnas nos últimos dois anos, os resultados foram cada vez piores? Temos de refletir nisto e onde é que o podemos fazer? No congresso do partido, claro”, afirmou Susana Diaz, um dos nomes que poderá surgir para ocupar a eventual vaga de Sanchez.

A assistir por fora está o Presidente do Governo espanhol em funções. Mariano Rajoy assistiu esta sexta-feira, no Porto, em Portugal, à abertura da exposição das obras do catalão Joan Miró, em Serralves.

O agora líder interino espanhol não abordou a crise do PSOE, mas não a estará certamente a ignorar. Se o PSOE baixar armas, Rajoy poderá voltar a tentar formar governo. Se tal não acontecer até 31 de outubro, o Rei Felipe VI terá de marcar novas eleições. As terceiras em Espanha só no último ano.