Áustria testa populismo nas urnas antes de França, Holanda e Alemanha

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A Áustria regressa às urnas este domingo para pôr fim ao dilema deixado em aberto pelas presidenciais de maio, anuladas por problemas técnicos.

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A Áustria regressa às urnas este domingo para pôr fim ao dilema deixado em aberto pelas presidenciais de maio, anuladas por problemas técnicos.

O país vai decidir se elege um presidente de extrema-direita depois de uma virulenta campanha de Norbert Hofer, do FPO, o Partido da Liberdade, contra “as elites”, a imigração e a União Europeia.

O tema da economia e o aumento do desemprego dominou o debate de Hofer com o rival, o liberal Alexander Van der Bellen, antigo líder dos ecologistas.

Um debate que contrasta com a excelente situação financeira do país, com 1% de défice público, a terceira taxa de desemprego mais baixa da UE – 6,3% – e um capital médio por pessoa de 210 mil euros.

Números que não bastam para descrever o estado de espírito de um país, onde, segundo o instituto de sondagens Imas, apenas 23% declara acreditar num “futuro melhor”.

Um cenário que torna o sufrágio de domingo num novo teste à popularidade do discurso populista na Europa, antes dos sufrágios dos próximos meses em França, Holanda e Alemanha.

Uma escolha entre o engenheiro aeronáutico de 45 anos, membro do Partido da Liberdade – uma formação fundada em 1955 por um antigo general das SS nazis – e o professor de economia de 72 anos e antigo líder ecologista.

Em maio, Van der Bellen, tinha vencido o escrutínio por uma frágil maioria de apenas 31 mil votos, antes do resultado ser anulado por problemas técnicos.

Este domingo, os dois rivais voltam a encontrar-se quase empatados nas sondagens, quando a nova campanha não parece ter contribuído para colocar um dos candidatos no papel de favorito.

No debate televisivo deste domingo, Van der Bellen, de 72 anos, acusou Norbert Hofer, 45 anos e o seu partido de aumentarem a insegurança ao ameaçarem com uma saída do país da UE. “O mais importante é a solidariedade entre os estados-membros, senão não seremos capazes de afirmar-nos face à Rússia ou aos EUA”, sublinhou der Bellen.

Hofer, que defende igualmente uma reaproximação de Viena a Moscovo, prometeu convocar um referendo sobre a UE, se a Turquia aderir à UE ou “se Bruxelas tentar centralizar mais poder”.

No debate de domingo, o candidato de extrema-direita não hesitou em atacar-se à Chanceler alemã, Angela Merkel, “por ter agravado a situação da Europa”, segundo Hofer, ao ter permitido a entrada de centenas de milhares de refugiados no ano passado, “incluindo terroristas que atravessaram a Áustria”.

Independentemente do programa dos dois candidatos, o voto deste domingo poderá ser interpretado também como um voto contra a atual coligação de governo liderada pelos sociais democratas. Em caso de queda do executivo, o Partido da Liberdade é dado como o favorito para assumir também o governo, com 35% de opiniões favoráveis, face aos 27% que afirmam apoiar os Sociais Democratas.

O sufrágio deste domingo representa um novo avanço para o partido FPO, num novo cenário político. A formação, então liderada por Jorg Haider, tinha obtido o segundo lugar nas legislativas de 1999 e um lugar no governo de coligação do Partido Popular. A vitória dos extremistas tinha levado os países da UE a aplicar sanções diplomáticas a Viena.

Quinze anos depois, a possível vitória dos extremistas este domingo, deverá ser menos disputada a nível europeu, depois da “vaga populista” que levou à vitória do “Brexit” no Reino Unido e de Donald Trump nos EUA.

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