A história de uma alegada lavandaria financeira gerida pelo Azerbaijão

A história de uma alegada lavandaria financeira gerida pelo Azerbaijão
De  Antonio Oliveira E Silva
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

O OCCRP fala em esquemas de lavagem de dinheiro em valores superiores a 2,3 mil milhões de euros.

PUBLICIDADE

A notícia está a dar muitas dores de cabeça ao Governo do presidente Ilham Aliyev, do Azerbaijão.

Segundo o Projeto de Jornalistas para Investigação sobre Corrupção e Lavagem de Dinheiro (OCCRP, sigla em inglês), o executivo azeri seria responsável por um esquema de subornos e de lavagem de dinheiro com ramificações em diferentes países europeus.

O Projeto de Jornalistas para Investigação sobre Corrupção e Crime Organizado é uma plataforma de investigação jornalística formada por cerca de 40 centros de investigação sem fins lucrativos e por vários jornalistas de media de todo o mundo.

A página digital do OCCRP, explica que a organização procura produzir conteúdos de investigação transnacional, ao mesmo tempo que promove a utilização das novas tecnologias para combater o crime organizado e a corrupção.

The Azerbaijani #Laundromat: Exposed! A $2.9 billion slush fund benefiting President Ilham Aliyev’s allies and more https://t.co/w74qwjPnonpic.twitter.com/vKsjBSIDrt

— OCCRP (@OCCRP) 4 de setembro de 2017

O OCCRP diz que a operação terá funcionado entre 2012 e 2014, com o conhecimento do presidente Aliyev. O objetivo seria melhorar a imagem do Azerbaijão na arena internacional e comprar favores a políticos e pessoas com influência em diferentes instituições europeias e internacionais.

Desvios de fundos na ordem dos 2,3 mil milhões de euros

Os fundos, desviados do Azerbaijão de forma ilegal, superaram os 2,3 mil milhões de euros e incluiriam a compra de bens de luxo e transações cuja natureza não é ainda clara. Em entrevista à Euronews, Paul Radu, Diretor Executivo do consórcio OCCRP, explicou que estamos perante “uma grande operação de branqueamento de dinheiro”.

Operações levadas a cabo em instituições britânicas e dinamarquesas

Segundo a investigação, o dinamarquês DanskeBank terá ignorado operações financeiras suspeitas, como transações realizadas na sua filial estónia. Posteriormente, o DankskeBank admite não ter feito o necessário para comprovar a legalidade e origem das operações, cujo processo foi o suficiente para lançar o alerta.

Operações que, segundo Casey Kelso, da organização de luta contra a corrupção Transparency International , “não cumpriram com 36 de 40 requisitos exigidos para manter dinheiro ilícito fora da Europa”.

How politicians were paid via illicit slush fund to launder #Azerbaijan’s image. New investigation: https://t.co/8D1KsNSNMF#Laundromatpic.twitter.com/hxFxi7begC

— Transparency Int’l (@anticorruption) 4 de setembro de 2017

“O mesmo acontece no Reino Unido”, continuou Kelso. “Tentaram desenvolver uma legislação, mas, se por exemplo, se instituição fosse da Escócia, não seria obrigada a declarar fundos pertencentes a cidadaos estrangeiros”, concluiu.

Theresa May apela a uma investigação no Reino Unido

A alegada utilização de companhias britânicas pela chamada Lavandaria do Azerbaijão fez com que a primeira-ministra britânica, Theresa May, apelasse a uma investigação. Na terça-feira, o porta-voz do Gabinete da primeira-ministra disse que a Agência Nacional para o Crime do Reino Unido, (NCA, sigla em inglês) iria ter em conta os elementos divulgados pelo The Guardian e por outros media.

UK at centre of secret $3bn Azerbaijani money laundering and lobbying scheme https://t.co/BlzllE7rvl

— The Guardian (@guardian) 4 de setembro de 2017

Entre instituições alegadamente visadas pela investigação encontram-se, por exemplo, o Conselho da Europa e a UNESCO. Terá havido também vários políticos a beneficiar-se com o esquema, assim como pelo menos uma jornalista, alegadamente paga para escrever conteúdos que favorecessem a imagem do país.

Uma “escandalosa campanha” internacional

No entanto, para o Governo do Azerbeijão, a reportagem publicada no Guardian e pelos parceiros do diário britânico não passaria de um ataque. Segundo o Executivo, o país estaria a ser vítima de “uma escandalosa campanha” organizada pelos serviços secretos britânicos, pelos Estados Unidos e pela diáspora arménia. As violações dos Direitos Humanos e os ataques a dissidentes são, no entanto, denunciados pela organização internacional de luta pelos Direitos Humanos, Amnistia Internacional. Segundo a AI, existem 14 prisioneiros de consciência nas prisões do Azerbaijão.

A Amnistia denuncia ainda a existência de represálias contra jornalistas independentes e ativistas no Azerbaijão. Critica o facto de que tenha sido impedida a entrada de observadores internacionais no país.

Por último, pode ser lido na página da AI que “a tortura e os maus tratos” tem sido “constatados de forma regular”, assim como as “detenções arbitrárias” de críticos do Governo.

PUBLICIDADE

Com Paula Nunes. Atualizado.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Pelo menos 12 mortos após ataques de gangues na zona nobre de Port-au-Prince no Haiti

Trump diz que não tem dinheiro para pagar caução de 454 milhões de dólares ao tribunal

Israel vai enviar delegação a Washington para discutir intervenção em Rafah