Teólogos conservadores acusam Papa de propagar heresias

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Um grupo de mais de sessenta historiadores, teólogos e sacerdotes da Igreja Católica acusa o Papa Francisco de “propagar heresias” relativamente ao casamento, à moral e aos sacramentos. Numa carta endereçada ao Santo Padre, em Julho, o coletivo de 62 personalidades conservadoras endereça uma “correção filial” a Francisco, uma “moção de censura” que não era utilizada há mais de sete séculos no interior da Igreja Católica.

O documento, assinado por figuras como o intelectual alemão Martin Mosebach ou o antigo presidente do banco do Vaticano, Ettore Gotti Tedeschi, acusa o Sumo Pontífice de defender “sete posições heréticas” na exortação apostólica, “A Alegria do Amor”, publicada em 2016. Em causa estão posições do Papa como a abertura aos católicos divorciados que voltaram a casar e a possibilidade de poderem voltar a receber a comunhão, a absolvição do “pecado” de aborto, a possibilidade da ordenação de homens casados e a necessidade de atribuir postos-chave a mulheres e leigos.

O Vaticano ainda não respondeu à missiva, embora Francisco tenha reiterado em Dezembro, “o apoio da maioria dos bispos mundiais” à decisão de dar a comunhão aos divorciados que voltem a casar.

A carta , que acusa o Papa de ceder, “ao modernismo e à influência do protestantismo de Martinho Lutero” – sublinhando o elogio “explícito e sem precedentes” de Francisco ao líder da reforma protestante – surge meses depois de quatro cardeais conservadores terem pedido a Francisco, no ano passado, para que esclareça “uma série de dúvidas” sobre o seu texto de 2016.

Os signatários que afirmam representar, “um grande número de padres e fiéis sem liberdade de expressão”, rejeitam, no entanto estar a acusar o Papa de heresia: “não estamos a julgar a culpabilidade do Papa Francisco na propagação das sete heresias”, uma vez que, “a nossa tarefa não é a de julgar se alguém cometeu o crime de heresia”.

Entre o grupo de signatários encontra-se igualmente o editor de um blog intitulado “Jornal empírico do comportamento homossexual”, uma publicação que inclui artigos polémicos, entre os quais um estudo sobre a alegada relação entre homossexualidade, violação e assassínios.

O texto não motivou até agora qualquer reação oficial do Vaticano, sendo a sexta iniciativa contra as posições do Papa organizada por movimentos conservadores nos últimos dois anos. Em 2015, uma petição com mais de 800 mil assinaturas, incluindo as de 202 sacerdotes, exigia que o Santo Padre esclarecesse a posição da Igreja Católica sobre o casamento e a família, temendo uma “ruptura” com as decisões do primeiro Sínodo da Família, no ano anterior. Em Julho do ano passado, 45 teólogos e sacerdotes tinham exortado o Papa a “repudiar as posições erróneas” contidas na “Alegria do Amor”, consideradas, “contrárias à fé e moral cristãs”. O texto motivou ainda a queixa de quatro cardeais há um ano, uma declaração de várias congregações religiosas, em Fevereiro deste ano e mesmo uma conferência em Roma, em Abril, destinada a demonstrar a preocupação dos fiéis católicos face à interpretação do documento papal.

Como ocorre com a nova carta, o Papa Francisco sempre se recusou a responder a este tipo de iniciativas.

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