Filhos da jornalista exigiram a demissão do primeiro-ministro maltês, Joseph Muscat.
Um grupo de jornalistas malteses reuniu-se diante do edifício do parlamento, em Valeta, para protestar contra o assassinato da repórter Daphne Caruana Galizia com recurso a carro armadilhado.
Centenas de profissionais de diferentes medias malteses gritaram palavras de ordem a favor da liberdade de imprensa e exibiram páginas de jornais com tinta vermelha, que simulava sangue.
Os filhos de Daphne Caruana Galizia exigiram, por outro lado, que o primeiro-ministro maltês, Joseph Muscat, apresentasse a demissão.
O diretor de redação do site Times of Malta, Herman Grech, foi um dos jornalistas presentes. Disse à Agência France Presse que aquele tinha sido um dos “atos mais desprezíveis alguma vez cometidos” em Malta.
Journalists express solidarity with Caruana Galizia family – Court application to protect… https://t.co/Y2y8mtZGExpic.twitter.com/E6apgVKCJh
— Times of Malta (@TheTimesofMalta) 19 de outubro de 2017
“Ninguém merece morrer por ter exercido a liberdade de expressão”, disse o diretor do Times of Malta.
“Estamos aqui para dar esperança à sociedade. Este ataque contra um de nós não vai impedir que façamos luz onde existe a penumbra”, continuou.
“Não vamos ceder a esta intimidação (…) não temos medo”, concluiu Herman Grech.
Os jornalistas marcharam depois até ao Palácio da Justiça, onde entregaram um pedido para que Malta proteja as fontes da jornalista e blogger, para que os seus contactos permaneçam a salvo de possíveis contactos.
Uma “jornalista wikileaks”
Conhecida por ser, ela própria e sem a ajuda de ninguém, “uma jornalista-wikileaks”, Daphne Caruana Galizia fica para história recente de Malta como militante anti-corrupção, depois de ter revelado vários escândalos. Daphne Caruana Galizia foi morta com recurso a um carro armadilhado, aos 53 anos, na passada segunda-feira.
Todos os jornais malteses, incluidos os que se encontram diretamente ligados a partidos políticos, decidiram publicar a mesma manchete sobre o caso no próximo domingo, manchete que será também difundida por canais de televisão e páginas digitais de informação.
Uma onda de indignação internacional
O assassinato de Caruana Galizia provocou uma onda de indignação em Malta e um pouco por todo o mundo. A jornalista deu a conhecer os laços existentes entre os jogos de azar em linha e as chamadas sociedades offshore.
Um fenómeno que parece ser o outro lado do forte crescimento económico de Malta e que esconderia, segundo alguns media, uma rede de crime organizado bem implementada no arquipélago.
Espera-se que uma nova manifestação tenha lugar no domingo, um encontro também organizado por jornalistas e que deverá contar com milhares de pesssoas, com o objetivo de exigir justiça e liberdade de expressão.
Com AFP