Autor de algumas das teorias mais respeitadas no mundo da ciência, nem a esclerose lateral amiotrófica diagnosticada aos 21 anos o impediu de uma vida plena, retratada com aclamação no cinema
Morreu um dos mais brilhantes astrofísicos que passou pelo planeta Terra. Stephen William Hawking tinha 76 anos e das muitas teorias que deixou por provar destacamos as viagens no tempo.
Chegou a organizar uma festa na qual esperava receber apenas viajantes do tempo que soubessem dela através da vivência no futuro. Ninguém compareceu. Mas isso não lhe retirou o brilho.
Dedicado cosmólogo, viver boa parte da vida preso a uma cadeira de rodas não o impediu de experienciar em 2007 a gravidade zero num voo promovido pela NASA.
"Foi a pura liberdade, para mim. Fui o super homem durante aqueles breves minutos", ouve-se Hawking dizer num breve vídeo agora repartilhado pela agência espacial americana.
Diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica aos 21 anos, a doença provocou-lhe uma progressiva paralisia quase total. Somada a uma pneumonia, ficou sem fala e dependente de um simulador de voz para comunicar. Continuou a partilhar as suas teorias com o mundo.
Pelo meio, desfrutou de dois casamentos. Voltaria em meados da primeira década deste novo milénio para a mulher com quem havia casado primeiro, Jane Wilde, com a qual havia tido três filhos e já tinha netos.
Escreveu diversos livros. "Uma Breve História do Tempo" é um dos mais vendidos do mundo.
"A contribuição mais importante que dei, e a mais conhecida, será provavelmente, a minha descoberta sobre o facto de os buracos negros não serem totalmente negros e brilharem como corpos quentes. Agora toda a gente está de acordo que os buracos negros emitem radiação Hawking", congratulava-se o astrofísico em 2005.
A mente brilhante foi reconhecida mundialmente.
Em 1998, foi recebido em Washington pelo então presidente americano Bill Clinton e a respetiva primeira-dama, Hillary. Mais recentemente, em 2009, foi agraciado pelo agora ex-presidente Barack Obama com a Medalha da Liberdade, a mais alta condecoração civil nos Estados Unidos.
Britânico, natural de Oxford, esteve várias vezes com a rainha Isabel II, de Inglaterra.
No final de 2016, recebeu das mãos de Theresa May um prémio de carreira, mas aproveitou o encontro com a primeira-ministra britânica para se distanciar de qualquer apoio ao processo do "brexit".
Sempre sublinhou a oposição ente ciência e religião, preferindo a ciência porque resultava, dizia. Mesmo assim, foi recebido por altos líderes da Igreja Católica como o Papa Bento XVI, em 2008, e mais recentemente, pouco antes de receber a distinção Theresa May, também pelo Papa Francisco.
Nesta altura, a sua vida já tinha chegado ao cinema num papel que valeu a Eddie Redmayne vários prémios de melhor ator, incluindo o Óscar, pelo filme "A Teoria de Tudo", eleito também Melhor Filme Britânico nos BAFTA, os prémios da Academia Britânica de Cinema.
O filme baseou-se na biografia escrita pela primeira mulher, Jane Wilde, sobre a vida partilhada com Stephen Hawking.
Após a "viagem para o infinito", ficam as teorias do astrofísico. Como a também partilhada em 2007 de que "a raça humana não tem futuro se não for para o espaço".
"Acredito que os programas espaciais e o aumento de empresas comerciais viradas para o espaço são fundamentais para a propagação da espécie humana para lá do local de nascimento", afirmou.
A verdade é que o Homem está já a preparar-se para se colocar a caminho de Marte.