Histórias de mulheres confrontadas com a questão do aborto na Argentina

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O Senado discute esta quarta-feira a despenalização do aborto com uma mobilização massiva como pano de fundo. A votação final do texto poderá ocorrer ainda hoje ou, perante a antevisão de um debate quente, já na madrugada de quinta-feira

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A jornada desta quarta-feira é de discussão, no Senado da Argentina, de um projecto-lei para a despenalização do aborto no país. Na prática, a sociedade manifesta-se profundamente polarizada.

Lorena Fernández foi forçada a interromper uma gravidez aos 16 anos. Aos 23 anos, o ex-marido queria que fizesse um aborto mas Lorena fugiu e deu à luz a filha Evelyn. A história voltou a orbigá-la a tomar decisões difíceis.

"Se alguém diz que é preciso abortar está tudo bem porque não faz parte do nosso seio familiar mas quando é do nosso sangue é muito doloroso. É mais doloroso do que saber que a nossa mãe enterrou o nosso filho numa caixa de sapatos no jardim de casa. [...] Fugi do pai da Evelyn e hoje ela tem 13 anos. É minha amiga. Porque razão tenho de tirar uma vida? Porque é que outra pessoa quer decidir em meu nome?", questiona Lorena.

Na Argentina, estima-se que todos os anos se façam 500 mil abortos, o que representa cerca de 40% das gravidezes. Esta continua a ser a principal causa de mortes maternais há três décadas.

Eliana Hansen defende o aborto legal, seguro e livre. Apesar de contrariar a postura de Lorena partilham o fardo de terem passado pela experiência de um aborto. Eliana fê-lo em casa, acompanhada, mas cada caso é um caso.

"Tinha medo. Medo de terminar num hospital com uma hemorragia e de saber que nesse lugar me poderiam denunciar. [...] Há mulheres que têm muito mais probabilidades de morrer nessa tentativa do que outras. Parece-me que as mais vulneráveis, em termos sociais, são sempre as últimas da fila", lamenta.

Quer Eliana quer Lorena concordam que é preciso mais educação sexual dos jovens e dos pais ainda que estejam separadas por grandes diferenças.

"Negaria o aborto mas abriria outra porta. Penso que é o que o Estado deveria debater agora: que se faça a adoção desde o ventre", sublinha Lorena.

Eliana acrescenta: "Legalizar uma interrupção voluntária da gravidez é precisamente isso: uma interrupção voltuntária. Faz quem quer. Quem não quer não é obrigado."

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