Milhões de brasileiras "unidas contra Bolsonaro" na internet

Grupo de Ludimilla Teixeira já ultrapassou os 1,8 milhões de "membras"
Grupo de Ludimilla Teixeira já ultrapassou os 1,8 milhões de "membras"
De  Francisco Marques
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À euronews, a fundadora explica os fundamentos deste manifesto apartidário que em menos de 15 dias já tinha mais de 1,8 milhões de "membras"

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O grupo "Mulheres Unidas Contra Bolsonaro" foi criado na manhã do penúltimo dia de agosto após uma conversa entre amigas. Duas semanas depois, as "membras", como lhes chama a fundadora para marcar a exclusividade da página, já ultrapassavam os 1,5 milhões e agora já são mais de 1,8 milhões.

Número de membros registado dia 13 de setembro cerca das 17 horas

Ludimilla Teixeira contou à Euronews a história deste manifesto feminino contra o candidato presidencial do Partido Social Liberal (PSL), a quem acusa de "promover um discurso de ódio" e aponta o dedo por ser assumidamente contra o aborto, um direito que esta ativista reclama para as brasileiras.

"Eu acho que o Bolsonaro é o pior cenário possível (para presidente) porque uma pessoa que prega um discurso de ódio e intolerância contra as minorias; que tratou negros 'quilombolas' como se fossem animais; que é a favor da ditadura; que votou o 'impeachement' de uma mulher clamando por um torturador da ditadura militar, não tem condições de ser presidente do Brasil. É o pior possível", considera Ludimilla Teixeira.

Uma conversa de amigas na véspera do "nascimento" do grupo centrou-se no que poderiam "fazer para esfriar o crescimento de Bolsonaro", o favorito nas eleições de acordo com as últimas sondagens num cenário eleitoral sem a presença do ex-presidente Lula de Silva.

"Decidi criar o grupo exatamente às 06:25 horas da manhã de 30 de agosto. Na altura havia apenas uma página, 'Brasil contra Bolsonaro'. Como havia muitas mulheres a falar mal do presidenciável, decidi lançar este grupo. De início, adicionei as minhas amigas e pedi ajuda para conseguir mais adesões. A ideia foi bem recebida", contou Ludimilla, numa entrevista via Skype.

O grupo é fechado e de adesão exclusiva para mulheres. Não tem qualquer orientação política e até apoiantes de Bolsonaro já aderiram. "Algumas, saíram logo", revela a fundadora do grupo, que "nunca" imaginou "um crescimento "tão rápido".

Dois dias depois de lançar o manifesto, Ludimilla publicou um vídeo celebrando a transposição da fasquia dos 6000 membros. Na última terça-feira, já com o estatuto de "secreto", o que o tornava invisível para não membros e que permitia assim um mais tranquilo processo de aprovação de novas adesões, o grupo chegou ao milhão de "membras" e 24 horas depois ultrapassou o 1.5 milhões.

O crescimento tem progredido a um ritmo de 10 mil entradas por minuto, garantem as gestoras do grupo, mas existe ainda uma vasta vaga de mulheres no apoio a Bolsonaro.

Há inclusive grupos de Facebook a ser criados nos últimos dias de apoio ao candidato do PSL, alguns alegadamente também apenas para mulheres.

Ludimilla não entende porque elas se mantêm ao lado do conservador e antigo capitão do Exército do Brasil.

"O discurso do Bolsonaro é completamente machista e misógino. Ele prega a intolerância, por isso não podemos entender (as mulheres que o apoiam). Talvez um psicólogo ou um profissional da área que o possa explicar porque a maioria das mulheres que conheço pensam exatamente como eu e as outras quase dois milhões. Eu acho que vamos chegar aos dois milhões muito em breve", perspetivou Ludimilla Teixeira.

A verdade é que o número de mulheres a aderir ao grupo continua a aumentar. Uma recente sondagem da Datafolha indica que 49% do eleitorado feminino está contra a candidatura de Jair Bolsonaro

Com o candidato do PSL ainda na frente das sondagens, a desejada fasquia dos dois milhões está cada vez mais perto para as brasileiras "unidas contra Bolsonaro" e a transposição deste movimento para as ruas est vada vez mais perto, à medida que também se aproxima o dia 07 de outubro, data das eleições presidenciais no Brasil.

Para 27 de setembro, algumas integrantes do grupo no Facebook estão a mobilizar as demais para um movimento de rua a dar expressão real ao sucesso do manifesto virtual.

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