Apesar da lei marcial não ter sido decretada em Kiev, as tensões ao largo da Crimeia estão a preocupar a população
Apesar das tensões ao largo da Crimeia, a capital ucraniana aparenta estar calma.
Aqui, a lei marcial não está em vigor e as pessoas seguem as suas rotinas.
Mas por debaixo das aparências, os ucranianos manifestam receios quanto ao país e ao futuro.
As tensões com a Rússia são apenas o mais recente episódio numa relação longa e difícil.
Pelo menos é o que pensam dois jovens, Liya e o seu namorado Alexandr.
"Quando penso sobre a lei marcial entre a Ucrânia e a Rússia, para mim não está claro. Primeiro, sou a favor da paz e a maior parte das pessoas neste país quer a paz. A situação atual tem um impacto negativo sobre a Rússia e a Ucrânia", diz Liya, 19 anos, estudante.
"Trata-se de um problema entre a Rússia e a Ucrânia. Ambos estragaram tudo. Eu diria às autoridades que precisamos de seguir o nosso caminho. Não controlamos o nosso país, andamos a mando da Europa, da Alemanha, dos Estados Unidos, é a minha opinião", adianta Alexandr, 25 anos, engenheiro técnico.
"O presidente Petro Poroshenko afirma que receia uma invasão russa pelo mar, trata-se de algo realista?", interroga Damon Embling, jornalista da euronews.
"Nunca tive medo disso. Sei que os russos nunca nos atacariam porque, em primeiro lugar, não é benéfico para eles nem para nós" afirma Alexandr.
Para Damon Embling, "a Ucrânia e a Rússia acusam-se mutuamente pelo que aconteceu no mar. Vladimir Putin acusa os marinheiros ucranianos de terem atravessado ilegalmente a fronteira russa e o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, de tentar aumentar a sua popularidade com vista à reeleição em março próximo".
O presidente ucraniano acusa ainda Moscovo de violar a lei internacional e diz que a Rússia irá pagar um preço muito elevado se a Ucrânia for atacada.
Poroshenko rejeitou a acusação russa respondendo que a entrada de embarcações no mar de Azov, partilhado pela Rússia e Ucrânia, constituía uma provocação.
A lei marcial foi decretada em 10 regiões ucranianas.
Kiev decretou ainda a proibição de entrada no país a homens russos com idades compreendidas entre os 16 e 60 anos.
Mas não significa isto que a Ucrânia se está a preparar para a guerra?, interroga Damon.
"Esperamos ver mais NATO aqui, embarcações da NATO aqui no Mar Negro. Ninguém quer guerra com a Rússia, incluindo a NATO. Bem, a Ucrânia também não quer ir para a guerra com a Rússia", afirma Taras Berezovets, analista político e chefe do grupo de reflexão, "Free Crimea".
A mais recente fricção entre a Ucrânia e a Rússia fez soar o alarme a nível global.
As pessoas em Kiev esperam agora a diminuição das tensões.