Britânicos já investem milhões para precaver "brexit" sem acordo

O Reino Unido vai gastar mais de 100 milhões de libras (110 milhões de euros) em novos contratos com empresas de transporte marítimo por causa de um eventual "brexit" unilateral.
O objetivo é precaver-se de um esperado aumento significativo das ligações com a Europa continental pelo canal da Mancha no caso de um divórcio com a União Europeia sem acordo.
Além de companhias britânicas, os novos contratos estabelecidos por ajuste direto (sem concurso público) pelo governo de Theresa May incluem também empresas de França e da Dinamarca.
Os portos de Poole, Portsmouth, Plymouth, Immingham e FelixStowe estão também a preparar-se para gerir o estimado aumento de circulação marítima e com isso aliviar a aguardada maior pressão sobre Dove.
O governo britânico estima que o canal venha a ser via de transporte para quase 4000 camiões por semana de e para a União Europeia, num processo que se espera também bem mais demorado devido aos agora inexistentes processamentos alfandegários.
O "brexit" está marcado para 29 de março, mas o processo não está ainda fechado e pode até ser completamente revertido pelo Reino Unido sem intervenção de Bruxelas. As proximas semanas serão decisivas para a vida a curto e médio prazo de todos os britânicos, sobretudo para as empresas.
O partido britânico dos Liberais Democratas já veio a público condenar a decisão do governo conservador de Theresa May estar "a gastar dinheiros públicos em contratos de última hora como este" dos barcos.
"Temos de dar às pessoas a última palavra sobre o acordo e a opção de ficarem na UE", lê-se numa recente publicação dos "LibDems" nas redes sociais.
Na página oficial, o partido tem disponível uma recolha de assinaturas para uma proposta de saída do "brexit". Das 200 mil pedidas, a página indicava este sábado pelas 16:35 (hora de Lisboa/Londres) já ter 199.016 assinaturas.
Na mesma proposta, os LibDems acusam o Partilho Trabalhista, que tem liderado a oposição aos conservadores, de estar a apoiar o governo.
"Se este não é o acordeo ideal para o futuro do Reino Unido, então deve poder rejeitá-lo e permanecer na União Europeia", defende o partido liderado por Sir Vincent Cable.