O diálogo entre o governo e os sindicatos, a propósito do projeto de reforma do sistema de pensões. é retomado esta sexta-feira.
A marcha desta quinta-feira, em Paris, contra o projeto de lei do governo francês sobre a reforma das pensões, teve momentos de tensão antes ainda de começar, com gás lacrimogéneo lançado pela polícia e gritos de "assassinos" por parte dos manifestantes.
A França vive há mais de um mês esta onda de protestos e greves contra a anunciada reforma do sistema de pensões - mudanças que o governo de Emmanuel Macron diz serem necessárias, mas que os detratores dizem que vai penalizar a população, em especial as novas gerações,
"Somos trabalhadores tanto do setor privado como do público e estamos aqui para dizer ao governo que tem de recuar sobre este projeto de lei iníquo, que consiste em reduzir os direitos dos trabalhadores", disse um dos participantes.
Muitos dos manifestantes usaram o colete amarelo, símbolo da contestação às políticas do presidente Macron que ocupou a praça pública durante todo o ano que passou. Éric Drouet e Jérôme Rodrigues, dois dos mais conhecidos líderes do movimento, marcaram presença.
"É grave. 35 dias de greve e nenhuma resposta do governo, completamente fechado e hostil", disse Drouet.
"Mais que o fim da reforma das pensões, queremos uma vida melhor agora. A nossa reforma é o futuro. Há um ano saímos à rua porque não temos medo do fim do mundo, temos medo é do fim do mês. O contexto é o mesmo, ou pior. Em vez de lutarmos por um melhor fim de vida, lutemos para que as pessoas vivam bem agora. Que os trabalhadores sejam reconhecidos e pagos pelo seu trabalho", diz Rodrigues, o luso-francês que saltou para as primeiras páginas dos jornais ao perder a vista de um olho numa manifestação, vítima de um disparo de flash ball por parte da polícia.
"A forte participação no protesto é mais uma arma dos sindicatos nas negociações com o governo, agora retomadas. Há esperança de que o diálogo consiga por fim a uma crise que já custou milhões de euros a França e aos franceses", conclui a correspondente da euronews em Paris, Anelise Borges, que esteve a acompanhar os protestos.