Falta de trabalhadores sazonais afeta a agricultura italiana

Falta de trabalhadores sazonais afeta a agricultura italiana
Direitos de autor Alessandra Tarantino/Copyright 2020 The Associated Press. All rights reserved
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De  Ricardo Figueira
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A epidemia acalmou os fluxos migratórios. Muito do trabalho agrícola é feito por migrantes indocumentados. Governo quer agora legalizá-los.

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Chamam-lhes "os invisíveis". O número de imigrantes indocumentados em Itália cresceu, chegou aos 600.000. Desde o surto de Covid, a situação tornou-se uma emergência dentro de uma emergência.

Com a imposição do confinamento em toda a Europa, a perturbação do fluxo sazonal de trabalhadores levantou a questão de saber quem irá colher os frutos e produtos hortícolas. Um défice estimado em 250 000 trabalhadores significa que existe o risco de os produtos nem sequer acabarem nos supermercados.

Há anos que os migrantes em situação irregular praticam uma agricultura não declarada e mal remunerada. São, na maioria dos casos explorados pelas máfias, sem qualquer proteção legal.

O debate sobre a necessidade de legalizar os migrantes voltou ao Parlamento italiano. A ministra da Agricultura, Teresa Bellanova, está a liderar a batalha para trazer os imigrantes indocumentados para dentro do sistema legal.

Juntamente com a ministra do Interior Luciana Lamorgese, esboçou uma medida para conceder autorizações de estadia sazonais renováveis.

Diz Lamorgese: "Estamos a consultar os outros ministros para fazer face à atual situação de emergência, principalmente para a colheita nos campos. Corremos o risco de não termos produtos italianos ou de estes ficarem estragados se não forem colhidos a tempo".

A proposta inclui também os trabalhadores domésticos e os prestadores de cuidados. Faz parte de um pacote de medidas que deve ser aprovado nos próximos dias, para apoiar a economia italiana.

O Papa Francisco apelou também à legalização dos migrantes explorados, com o argumento de que a dignidade do indivíduo deve ser sempre respeitada.

A crise da Covid-19 agravou as condições de vida já precárias destes migrantes.

Em Castel Volturno, perto de Nápoles, os "invisíveis" instalaram-se aqui ao longo dos anos. São cerca de 20.000 numa cidade com uma população de 27.000 habitantes.

Com as ordens do governo para ficar em casa e sem documentos, mal sobrevivem. Vivem em apartamentos degradados e sobrelotados. por isso, passaram pelo pior. Cozinham o que têm numa cama transformada em churrasco.

"Nesta casa temos muitos problemas, não temos eletricidade, não temos água, não temos documentos. Arranjar comida é um problema", conta um imigrante ganês.

Os voluntários entregam diariamente comida nos apartamentos deles, mas os recursos são limitados e não satisfazem a procura.

Estima-se que a legalização dos trabalhadores agrícolas não registados poderia beneficiar o Estado em 1200 milhões de euros. Poderia ser um passo significativo para tornar visíveis os "invisíveis".

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