O brasileiro Roberto Azevêdo anuncia a saída antecipada da liderança para evitar o agravamento do caos na OMC
Uma decisão difícil e ponderada. O brasileiro Roberto Azevêdo anunciou a intenção de abandonar a liderança da Organização Mundial do Comércio (OMC), um ano antes de o seu mandato terminar.
O diretor-geral da OMC diz ser o mais correto para uma eficaz preparação dos desafios do organismo no qual trabalha há 12 anos, 7 dos quais na liderança.
Em comunicado, explicou que "a sua partida antecipada dará tempo ao sucessor para definir a direção estratégica para a Conferência Ministerial 12 e os meses e os anos a seguir".
Azevêdo deixa a OMC num momento crítico, não só da economia mundial, à qual se prevê uma muito grave recessão, mas também da organização que lidera por causa do bloqueio do principal mecanismo de resolução de conflitos, paralisado desde dezembro devido à recusa dos Estados Unidos em designar novos juízes.
O diretor-geral da OMC afirmou que não tem ambições políticas e que a sua decisão de deixar as funções é pessoal e familiar.
“Trata-se de uma decisão pessoal – uma decisão familiar – e estou convencido de que esta decisão serve melhor os interesses da organização”, declarou numa reunião por videoconferência com membros da OMC.
“Não tenho planos políticos”, assegurou, quando alguns lhe atribuem o desejo de se candidatar nas presidenciais brasileiras de 2022.
Diplomata de carreira, Roberto Azevedo assumiu a liderança da OMC em 2013 sucedendo ao francês Pascal Lamy e iniciou em setembro de 2017 um segundo mandato de quatro anos, que deveria terminar no final de agosto de 2021.