O governo, do Partido Progressista Sérvio, descarta as acusações de défice democrático.
Uma campanha da oposição nas ruas de Belgrado diz aos cidadãos para não votarem nas próximas eleições parlamentares. A mensagem vem de uma coligação de nove partidos que vão da extrema-esquerda à extrema-direita.
A "Aliança para a Sérvia" foi fundada por Dragan Djilas. À pergunta da euronews sobre a razão deste boicote, responde que "não há condições para eleições justas". O problema - diz Djilas - é que o partido no poder tem um controlo quase total sobre o processo eleitoral e os meios de comunicação social. Acrescenta: "O povo da Sérvia nunca ouviu a minha voz. Nunca. Eles não têm qualquer hipótese de me ouvir".
Dragan Djilas não é o único a exprimir esta preocupação. Num relatório recente, a ONG Freedom House classifica a Sérvia como já não sendo uma democracia.
O caminho para a Sérvia voltar ao bom caminho - dizem os partidos que apelam a este boicote - é instalar um governo tecnocrático de transição, encarregado de preparar mais uma volta das eleições. Djilas explica que "os protestos vão ser feitos passo a passo, esperando que no próximo ano possa haver novas eleições, com outras condições".
Jadranka Joksimović, ministra da Integração Europeia do Partido Progressista Sérvio, no poder, rejeita as críticas e o boicote. Diz que "a ideia mais importante na democracia é dar a alguém a oportunidade de escolher e de ser escolhido".
À pergunta sobre as alegações da plataforma pró-boicote, que diz que não há condições livres e justas, responde que não pode aceitar. Diz: "Lido de perto com o processo de adesão há seis anos e sei o que tem sido feito no contexto do processo de adesão à UE e das reformas. Sei onde estão os problemas e, dia após dia, o país dá pequenos passos importantes. Se o país estivesse já integrado no bloco, não seria nem o mais pobre nem a democracia mais problemática da União Europeia".
A Sérvia continua a ser apenas um candidato à União Europeia. Bruxelas diz que "o boicote não é uma opção viável" e incentiva todos os partidos políticos a participar.
No ano passado, a Sérvia assistiu a protestos generalizados contra o governo em exercício, sendo o movimento de boicote político apenas uma parte dessa manifestação de insatisfação com o atual estado de coisas. Devido à pandemia de coronavírus, foram cancelados os protestos de rua em grande escala, mas a questão mantém-se - se o boicote conseguirá mudar o panorama político na Sérvia.