João Leão toma posse do cargo de ministro das Finanças

O rosto do próximo timoneiro de Portugal nas águas revoltas de uma severa tempestade económica. João Leão tomou posse do cargo de ministro de Estado e das Finanças. Sucede a Mário Centeno, de quem foi Secretário de Estado do Orçamento.
Entra a meio de um cenário económico negro, com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico a prever uma recessão em Portugal de pelo menos 9,4% e, na pior das hipóteses, de 11,3 este ano.
"Em primeiro lugar, o nosso ênfase tem de ser estabilizar o país, a economia, e proteger os rendimentos. Vai ser a ênfase neste ano. Sem se estabilizar e salvar as empresas e proteger os postos de trabalho não teremos uma economia em condições de crescer a partir do final do ano e a partir do próximo ano", declarou aos jornalistas, no Palácio de Belém, em Lisboa.
João Leão afirmou ainda que é "um prazer e uma honra" poder servir Portugal como ministro de Estado das Finanças, "ainda para mais neste momento de grande dificuldade", e manifestou-se convicto de que, ultrapassada a pandemia de covid-19, Portugal voltará ao "caminho do crescimento da economia e do emprego, da confiança e da sustentabilidade".
Sobre o seu antecessor, Mário Centeno, fez questão de lhe deixar palavras de elogio e disse que aprendeu bastante com o "trabalho notável que fez em nome do país" e a sua "enorme capacidade de liderança" nos últimos cinco anos de trabalho conjunto, enquanto foi secretário de Estado do Orçamento.
Mario Centeno e a possível nomeação para o Banco de Portugal
E precisamente, quem sai de cena para águas mais tranquilas é o chamado "Ronaldo das Finanças". Mário Centeno preside ao Eurogrupo até julho e deverá ser chamado depois pelo primeiro-ministro António Costa a assumir o cargo de governador do Banco de Portugal, onde, caso se confirme, no papel de supervisor, poderá terá que lidar com processos em que foi parte envolvida como ministro das Finanças.
O tema tem sido alvo de debate político e há mesmo um projeto-lei para alterar as regras de nomeação do governador do Banco de Portugal. A proposta de lei apresentada pelo partido PAN e aprovado na generalidade pela Assembleia da República visa estabelecer um período de nojo de cinco anos entre o exercício de funções governativas e o desempenho do cargo de governador do Banco de Portugal.
“A proposta do PAN é simples e clara para quem a quiser entender. Não persegue ninguém, apenas regula e limita os conflitos de interesse que têm existido no Conselho de Administração do Banco de Portugal, algo que já deveria ter sido feito há muitos anos”, explicou o líder do partido, André Silva.