Ultrapassar as sequelas do internamento por Covid-19

Aos 47 anos, o português Vicente Marques sobreviveu à Covid-19, mas seis semanas na unidade de cuidados intensivos do Hospital de São João, com Oxigenação por Membrana Extracorporal, traqueostomia e ventilação deixaram-lhe sequelas e fizeram-no perder 25 quilos.
Desde o dia 21 de maio, Vicente cumpre um programa intensivo no Centro de Reabilitação do Norte, pertencente ao Centro Hospitalar de Gaia/Espinho, em Portugal, que deve durar pelo menos um mês e meio.
"Tinha uma fraqueza adquirida nos cuidados intensivos; disfagia (alterações na capacidade para engolir); rouquidão, que resulta da presença do tubo durante algum tempo; tinha e tem uma úlcera de pressão; e sequelas neuropsicológicas, que resultam do quadro da doença crítica prolongada", explica a fisiatra Inês Machado Vaz.
"Sempre fui uma pessoa saudável. Nunca estive doente na minha vida e não conseguia fazer um pequeno gesto como dar um passo ou abaixar-me para apertar os cordões", sublinha Vicente.
Atualmente, o Centro de Reabilitação do Norte tem internados sete pacientes que tiveram Covid-19. Seguem um programa que inclui fisioterapia, terapia ocupacional, nutrição, terapia da fala, neuropsicologia e enfermagem de reabilitação. O objetivo é que estas pessoas adquiram o máximo de autonomia possível, de acordo com as suas sequelas.
"De momento, já consigo pôr-me de pé sozinho. Já consigo fazer os movimentos... Tenho de andar acompanhado, porque eles têm sempre medo que me desequilibre. Consigo fazer as escadas. Consigo tomar banho sozinho. Vestir-me sozinho", realça o paciente.
Vicente tem também um longo caminho a percorrer em termos psicológicos. É que a Covid-19 roubou-lhe não só a saúde, mas também a irmã de 57 anos, que vivia em França.