Algarve pelas "praias da amargura" devido a listas seguras e horários

O Algarve está entre as zonas turísticas europeias mais ameaçadas pela Covid-19, mas devido sobretudo às restrições de países como o Reino Unido ao gozo de férias em Portugal.
Alguns negócios estão mesmo em risco dada a quebra acentuada nas receitas.
Carlos Guerreiro tem um restaurante em Vilamoura e, à RTP, contou ter feito "um investimento a contar com um bom ano", mas assim que abriu teve de fechar devido à pandemia.
"Nesta altura, pelo menos no meu caso, estaríamos a servir entre 300 e 350 pessoas por dia, incluindo refeições. Atualmente, servimos de 30 a 40", revela o proprietário.
Tirando os grupos de jovens holandeses que têm provocado alguns distúrbios na zona da Oura, em Albufeira, a fraca afluência de turistas ao Algarve é o problema mais visível numa região onde o risco de transmissibilidade (RT) era esta sexta-feira de 0,81.
No entanto, também as restrições horárias impostas pelo governo para os estabelecimentos de rastauração, com fecho às 23 horas, está também a afetar o negócio numa zona do país onde as pessoas preferem ficar junto ao mar durante o dia e passear pela fresca da noite.
João Santos é empregado de um bar também em Vilamoura e calcula estar a trabalhar com "10 ou 20 por cento da capacidade de clientes do dia todo".
"Quando começamos a ter mais movimento, que é quando as pessoas saem após jantar, pelas 10 ou 10h30 da noite, nós temos de fechar às 11h", lamenta este profissional da restauração algarvia.
O presidente da Federação Portuguesa de Concessionários de Praia confirmou à Agência Lusa haver "uma quebra muito grande de turistas" no Algarve, estimando João Carreira uma redução a rondar os 90 por cento.
O presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (Amal) lamentou a ausência sobretudo dos turistas ingleses, criticou a decisão do governo de Boris Johnson de excluir Portugal da "lista verde" e, em declarações citadas pelo jornal Público, deixou mesmo uma mensagem: "Se os britânicos olhassem para os números deles e para os nossos, fugiam todos de lá e vinham para cá.
De acordo com o último balanço epidemiológico da Direção-Geral de Saúde, o Algarve contava esta sexta-feira à tarde com 260 casos ativos de Covid-19, com um incremento de sete novos casos e oito pessoas dadas como recuperadas da doença.