Comunidade muçulmana em França lembra que também é vítima do terrorismo
Em França, a morte do professor Samuel Paty voltou a trazer para a rua os protestos contra a ideologia na base da violência que continua a atingir o país. O presidente anunciou uma série de medidas para remover os extremismos, incluindo o encerramento de uma mesquita e de organizações que possam estar a espalhar ideias radicais.
A comunidade muçulmana está dividida. Para alguns, as táticas de Emmanuel Macron são perigosas. Para outros, a separação da grande maioria dos muçulmanos franceses, moderados e cumpridores da lei, dos extremistas violentos é do interesse da comunidade.
O advogado Nabil Boudi considera que a decisão do governo de identificar organizações antes de uma investigação aprofundada coloca dúvidas sobre a falta de um processo justo e serve apenas para estigmatizar ainda mais a comunidade muçulmana. Diz que o Estado de direito, as instituições judiciais, a separação dos poderes, a liberdade de expressão e a presunção de inocência estão sob ameaça e o governo está a cair numa armadilha.
O Imã Hassen Chalghoumi tem proteção policial há cerca de dez anos, desde que declarou o apoio a uma lei francesa que proíbe o uso do véu islâmico para tapar a cara em locais públicos. Garante que os muçulmanos são as primeiras vítimas dos radicais. Diz que não tem medo de ser confundido. Tem medo do que "suja" a sua religião, das pessoas que dizem que o Islão é islamismo e das pessoas que dizem que o Islão é terrorismo.