A Moldávia tem na União Europeia o principal mercado, mas a maior liquidez vem das remessas dos emigrantes
A Moldávia é o país mais pobre da Europa em termos económicos. Os valores de investimento e riqueza produzida são mais baixos do que, por exemplo, a vizinha Ucrânia ou a Bielorrússia.
A sangria de quadros começou em 1998, com a crise russa. Desde essa altura, um terço dos moldavos saiu do país. Em 20 anos, as exportações para o mercado russo deixaram de pesar 60% na balança, para representar apenas 10% dos negócios. Agora são as exportações para os países da União Europeia que prevalecem.
O representante diplomático de Bruxelas em Quixinau sublinha que o acordo de comércio livre levou a que as exportações da Moldávia para os 27 atinjam "cerca de dois terços" do total de vendas para o exterior.
Para Venceslau Ionita, do IDIS Viitorul Insitute, há um outro dado a ter em conta: as remessas de dinheiro enviadas pelos moldavos que estão fora do país. O economista diz que a maioria dos emigrantes "encontram-se nos países da União Europeia" e que apesar de continuarem a existir moldavos a trabalhar na Rússia, essa é uma migração de curta duração "da população mais pobre, de zonas rurais". Ionita fez as contas e diz que "a quantidade de dinheiro que os imigrantes enviam para casa é superior às exportações e a Moldávia sobrevive devido a estes imigrantes".
"A União Europeia tem três grandes impactos na Moldávia: exportações; apoio ao nosso orçamento; e imigrantes que ganham dinheiro e o enviam para casa," diz Venceslau Ionita.
O Embaixador da União Europeia na Moldávia tem muito orgulho em mostrar o novíssimo Centro de Informação de Quixinau. É onde são divulgados os investimentos europeus na agricultura ou património, mas também o apoio às reformas políticas e judiciais, especialmente no combate à corrupção e na instalação de um verdadeiro Estado de Direito.
Para Peter Michalko, "os padrões democráticos, incluindo os padrões do processo democrático, são uma parte importante dos valores" sobre os quais foi assinado o chamado Acordo de Associação e são padrões condicionais.
A União Eiropeia desempenhou um papel ainda mais forte na economia do país entre 2012 a 2014 - periodo conhecido como a "era dourada da Moldávia". Nessa altura, as subvenções em projectos de infraestruturas totalizaram 3% do PIB do país. A descoberta de uma fraude no sistema bancário de quase mil milhões de euros acabou com a colaboração. Não houve culpados e o dinheiro roubado nunca foi encontrado. A corrupção generalizada e o sistema judicial disfuncional estão entre as principais razões pelas quais os investidores estrangeiros evitam a Moldávia. E, como mostram diferentes sondagens, quando se pergunta às pessoas onde vêem um futuro para os seus filhos, 70% responde: fora do país.