Dayton: 25 anos de paz na Bósnia e Herzegovina sob ameaça

Presidente da Bósnia sela paz com o homólogo da Sérvia perante o líder croata
Presidente da Bósnia sela paz com o homólogo da Sérvia perante o líder croata Direitos de autor AP Photo/Joe Marquette/ Arquivo
De  Francisco Marques com AP
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Há 25 anos, os EUA mediaram um acordo que pôs fim a mais de três anos de guerra e pelo menos 100 mil mortos. Agora, perante novos atritos, há um novo otimismo de progresso

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A Bósnia e Herzegovina é hoje um país em paz, fruto do acordo de Dayton, nos Estados Unidos, ratificado há exatamente um quarto de século pelos presidentes da Bósnia, da Sérvia e da Croácia, sob mediação do então presidente americano Bill Clinton.

As tréguas seladas num aperto de mão colocaram ponto final numa guerra com mais de três anos e pelo menos 100 mil mortos, mas o atrito étnico parece estar de novo a crescer com o regresso dos ideias nacionalistas à política local.

Edisa Sehic lutou nessa guerra maldita pelos muçulmanos bósnios. Hoje é ativista pela paz defende que o futuro está nas mãos dos jovens, mas não percebe porque a juventude parece estar a regredir nos ideias.

"Tendo eu vivido algo tão mau, porque estaria agora a empurrar os meus filhos ou quaisquer outras crianças para viverem também esse pesadelo?", questiona a antiga combatente tornada porta-voz de uma união estável naquela antiga república jugoslava.

Janko Samukovic foi rival de Edisa, lutou pelos sérvios da Bósnia e agora, também ele, é ativista pela paz.

"Eu preferia que mais pessoas cooperassem e trabalhassem juntas. Acredito que as pessoas não têm problemas de trabalhar, viverem todas juntas e conviverem nem que haja confiança entre todos nós. Isso traria mudança para todos neste país", perspetiva Janko.

Estabilidade ameaçada

O acordo de Dayton, ratificados a 21 de novembro de 1995, marcarou esse primeiro ato de cooperação para a paz entre muçulmanos bósnios, cristãos ortodoxos sérvios e croatas católicos.

O recente crescimento de líderes nacionalistas, nomeadamente desde 2006 quando a presença mediadora internacional deixou o país e a influência russa, chinesa e turca aumentaram, também uma nova ameaça à paz começou a crescer, como sublinhou ao Conselho de segurança, no início deste mês, o Alto Representante das Nações Unidas para a Bósnia e Herzegovina, Valentin Inzko.

A eleição este mês nos Estados Unidos de Joe Biden devolveu alguma luz de esperança na Bósnia e Herzegovina. Há uma semana, as eleições municipais denotaram já um certo enfraquecimento dos partidos nacionalistas.

A perspetiva de que o último alto responsável americano a visitar a Bósnia (Joe Biden, como vice-presidente dos EUA em 2009) se torne agora num dos homens mais poderosos do mundo é um sinal de otimismo para um povo ainda com muitas feridas do sangrento fim da Jugoslávia.

A União Europeia mantém viva a memória da mais mortal guerra civil do "velho continente" depois da II Guerra Mundial.

Não podemos mudar o 'ontem', mas podemos moldar o 'amanhã', juntos.

"A integração na UE é o objetivo mais importante , com 80% de apoio entre os cidadãos da Bósnia e Herzegovina, unindo os partidos políticos e os cidadãos em geral.

"O Processo de integração na UE e as reformas que o compõem pode não convencer toda a gente a ficar no país, mas certamente vão ajudar a consolidar a prosperidade e a paz.
Josep Borrel
Vice-presidente e porta-voz da UE

Josep Borrel, o Alto comissário para a Política Externa da UE e vice-presidente da Comissão Europeia salienta o "muito progresso na construção de uma Bósnia e Herzegovina estável e democrática", mas avisa que o trabalho não está ainda terminado.

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