Há 25 anos, os EUA mediaram um acordo que pôs fim a mais de três anos de guerra e pelo menos 100 mil mortos. Agora, perante novos atritos, há um novo otimismo de progresso
A Bósnia e Herzegovina é hoje um país em paz, fruto do acordo de Dayton, nos Estados Unidos, ratificado há exatamente um quarto de século pelos presidentes da Bósnia, da Sérvia e da Croácia, sob mediação do então presidente americano Bill Clinton.
As tréguas seladas num aperto de mão colocaram ponto final numa guerra com mais de três anos e pelo menos 100 mil mortos, mas o atrito étnico parece estar de novo a crescer com o regresso dos ideias nacionalistas à política local.
Edisa Sehic lutou nessa guerra maldita pelos muçulmanos bósnios. Hoje é ativista pela paz defende que o futuro está nas mãos dos jovens, mas não percebe porque a juventude parece estar a regredir nos ideias.
"Tendo eu vivido algo tão mau, porque estaria agora a empurrar os meus filhos ou quaisquer outras crianças para viverem também esse pesadelo?", questiona a antiga combatente tornada porta-voz de uma união estável naquela antiga república jugoslava.
Janko Samukovic foi rival de Edisa, lutou pelos sérvios da Bósnia e agora, também ele, é ativista pela paz.
"Eu preferia que mais pessoas cooperassem e trabalhassem juntas. Acredito que as pessoas não têm problemas de trabalhar, viverem todas juntas e conviverem nem que haja confiança entre todos nós. Isso traria mudança para todos neste país", perspetiva Janko.
Estabilidade ameaçada
O acordo de Dayton, ratificados a 21 de novembro de 1995, marcarou esse primeiro ato de cooperação para a paz entre muçulmanos bósnios, cristãos ortodoxos sérvios e croatas católicos.
O recente crescimento de líderes nacionalistas, nomeadamente desde 2006 quando a presença mediadora internacional deixou o país e a influência russa, chinesa e turca aumentaram, também uma nova ameaça à paz começou a crescer, como sublinhou ao Conselho de segurança, no início deste mês, o Alto Representante das Nações Unidas para a Bósnia e Herzegovina, Valentin Inzko.
A eleição este mês nos Estados Unidos de Joe Biden devolveu alguma luz de esperança na Bósnia e Herzegovina. Há uma semana, as eleições municipais denotaram já um certo enfraquecimento dos partidos nacionalistas.
A perspetiva de que o último alto responsável americano a visitar a Bósnia (Joe Biden, como vice-presidente dos EUA em 2009) se torne agora num dos homens mais poderosos do mundo é um sinal de otimismo para um povo ainda com muitas feridas do sangrento fim da Jugoslávia.
A União Europeia mantém viva a memória da mais mortal guerra civil do "velho continente" depois da II Guerra Mundial.
Josep Borrel, o Alto comissário para a Política Externa da UE e vice-presidente da Comissão Europeia salienta o "muito progresso na construção de uma Bósnia e Herzegovina estável e democrática", mas avisa que o trabalho não está ainda terminado.