Nova variante do SARS-CoV-2 em Inglaterra dispara alarmes europeus

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De  Francisco Marques
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Diversos países europeus decidem cortar ligações para tentar evitar importar o vírus modificado descoberto em Inglaterra. Portugal mantém-se "ligado" aos britânicos, à espera da posição da União Europeia

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A Alemanha é o mais recente país europeu a juntar-se ao grupo dos que decidiram suspender as viagens de e para o Reino Unido para tentar evitar importar a nova variante do SARS-CoV-2 descoberta em Inglaterra.

Itália, Bélgica e Países Baixos já tinha anunciado a suspensão das ligações com o Reino Unido.

Outros países europeus como a a Irlanda e a França, que tem também ligação ferroviária à ilha britânica, estão a ponderar interromper igualmente as viagens oriundas do Reino Unido.

Israel também decidiu passar a bloquear a entrada no país de cidadãos estrangeiros oriundos do Reino Unido, assim como da Dinamarca e, tal como a Alemanha, também da África do Sul devido a diferentes mutações do SARS-CoV-2.

Portugal está atento

O Governo português, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, diz estar a acompanhar "com atenção" a situação epidemiológica no Reino Unido, "privilegiando a cooperação estreita entre as autoridades de saúde de ambos os dois países", não colocando para já a hipótese de restringir a circulação de pessoas entre ambos, aguardando por uma posição formal da União Europeia.

Em declarações à Agência Lusa, o virologista Pedro Simas, do Instituto de Medicina Molecular de Lisboa, considerou "pouco provável" que a nova estirpe do coronavírus que tem mantido o mundo refém venha a ter um "impacto gigantesco" nas novas vacinas, mas "é muito precoce estar a especular em relação a isso".

Este domingo, Portugal somou mais 3.334 novas infeções, 71 mortes, 2.419 pessoas recuperadas da infeção e mais 54 doentes internados, para um total de 3.027 hospitalizados, incluindo 483 nos cuidados intensivos.

Até ao momento, de acordo com o Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA), em Portugal não foi ainda identificado qualquer caso de infeção por esta nova variante do SARS-CoV-2, que as autoridades do Reino Unido alegam ser "mais facilmente transmissível".

A descoberta desta nova estirpe no sul de Inglaterra, e já com pelo menos um caso detetado nos Países Baixos, motivou uma reunião por videoconferência entre o presidente de França, Emmanuel Macron, que está com Covid-19, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Novo nível de risco em Inglaterra

Londres e o sudeste de Inglaterra cumprem este domingo o primeiro dia do novo nível quatro de risco, o mais elevado no Reino Unido e anunciado sábado pelo primeiro-ministro Boris Johnson, de forma não vinculativa para Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte.

Nas zonas inglesas de maior risco, as pessoas estão agora obrigadas a ficar em casa e não podem viajar porque a nova estirpe está "descontrolada", assumiu o ministro da Saúde do Reino Unido, em entrevista à Sky News.

É mais importante que nunca as pessoas serem responsáveis.

"Não se trata apenas de respeitar as regras, mas mesmo dentro da regras devem evitar ao máximo o contacto social porque isto é muito grave.
Matt Hancock
Ministro da Saúde do Reino Unido

A súbita mudança de estratégia anunciada este sábado pelo primeiro-ministro britânico está a gerar protestos mesmo dentro do próprio Partido Conservador. Sobretudo depois de Boris Johnson ter admitido que as novas regras agora implementadas para o Natal podem ficar em vigor durante meses para combater a estirpe do vírus surgida em Inglaterra.

De acordo com jornal Guardian, alguns parlamentares conservadores estão a acusar Johnson de ter deliberadamente atrasado a decisão de colocar milhões de pessoas restringidas pelas regras do nível 4 para evitar o escrutínio do próprio partido.

Já Keir Starmer, o líder do Partido Trabalhista e por conseguinte da oposição, embora concorde com as novas medidas de contenção da epidemia, aponta o dedo a Boris Johnson, cuja gestão da epidemia é categorizada pelos trabalhistas como uma "negligência grosseira".

Levantei a questão das restrições no Natal ao primeiro-ministro na quarta-feira. Ele descartou-a e preferiu desejar às pessoas um Feliz Natal para, apenas três dias depois, acabar por lhes cancelar os planos.

"Penso que o povo britânico merece uma liderança mais eficaz. Estão a ser confundidos quando precisam de clareza.
Keir Starmer
Líder do Partido Trabalhista e da oposição

Entretanto, após muitas pessoas terem fugido sábado à noite das restrições de Londres na sequência do anúncio de Boris Johnson, a polícia britânica reforçou este domingo as equipas nas zonas de maior risco de Inglaterra para garantir o cumprimento das novas regras.

No resto do Reino Unido, a Escócia apertou as medidas para a época festiva, permitindo algum alívio apenas para o dia de Natal; o País de Gales antecipou o confinamento previsto para este domingo; e a Irlanda do Norte manteve a estratégia já delineada anteriormente.

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