Universitários franceses recusam ser "a geração sacrificada"

Estudantes mobilizaram-se em protesto por diversas cidades franceses
Estudantes mobilizaram-se em protesto por diversas cidades franceses Direitos de autor AP Photo/Christophe Ena
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De  Francisco Marques com France Press
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Milhares de estudantes mobilizaram-se em várias cidades de França para exigir o regresso imediato às aulas presenciais, mas o problema está fora das aulas, considera a ministra do Ensino Superior

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Milhares de estudantes universitários franceses saíram esta quarta-feira à rua em diversas cidades para exigir o regresso imediato às aulas presenciais. Uma situação que a ministra da Saúde, Frédérique Vidal, não apoia sobretudo devido ao que se passa nos períodos entre e após as aulas.

O Governo liderado por Jean Castex apenas mantém abertos as creches, as escolas primárias e as secundárias, algumas delas num regime híbrido entre aulas presenciais e à distância. As universidades mantém-se fechadas desde novembro.

Há quase dois meses sem aulas presenciais, os universitários reclamam da precariedade, da depressão e do desespero em que dizem estar a cair, e exigem mais investimento na educação e na saúde, em detrimento do financiamento nas forças de segurança.

Os universitários estão insatisfeitos com a medida tomada pelo governo em novembro de suspender as aulas presenciais até final de janeiro, na sequência da propagação galopante da Covid-19 em França naquela altura.

Por enquanto, apenas algumas aulas foram retomadas no início deste mês para estudantes em situação de maior fragilidade e através de grupos muito limitados para permitir o mínimo de distanciamento social.

Valentine Renou é estudante numa universidade de engenharia agrónoma em Paris e diz ter aderido ao protesto por considerar que "as medidas tomadas recentemente pelo ministério (do Ensino Superior) largamente insuficientes".

“Há uma necessidade urgente de reabrir as universidades. Toda esta geração está a ser sacrificada e vai resultar numa geração incapaz de estabelecer laços sociais e de enfrentar o mundo atual", perspetiva Valentine.

Estudante de História e Geografia também em Paris, Joachim considera "os universitários e a restauração os grandes esquecidos". É uma situação precária que os estudantes estão a sofrer em silêncio", garante.

Em Lille, os universitários também exigiram a reabertura imediata das faculdades, assumindo-se responsáveis o suficiente para respeitar um apertado protocolo de saúde que venha a ser imposto pelas autoridades.

Membro dos Jovens Comunistas do Norte e estudante universitário, Geoffrey Peron explica que "o objetivo" do protesto é serem "ouvidos e iniciar uma mobilização para a abertura das faculdades".

"Uma reabertura que nos parece ser muito urgente, incluindo, claro, um apertado plano de saúde. Não queremos avançar de qualquer maneira, reabrir as universidades e deixar as aulas decorrer como antes da pandemia, mas, sim, com um rigoroso plano sanitário. Só nos falta um plano", diz Geoffrey Peron.

Para já, o plano traçado pelo Governo passa por um regresso às aulas progressivo, com os alunos universitários de primeiro ano a tomar a dianteira deste processo já na segunda-feira (25 de janeiro) e os dos restantes níveis depois, com um protocolo sanitário ainda em preparação já implementado e se a progressão da pandemia em França o permitir.

Outras fontes • Le Figaro, Franceinfo

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