Irão cumpre ameaça e começa a restringir acesso internacional às respetivas centrais depois de já ter começado a enriquecer urânio a mais de 20% de pureza
O Irão já terá armazenado mais de 17 quilogramas de urânio enriquecido a 20% de pureza, o que é muito acima dos limites permitidos pelo acordo nuclear de há cinco anos.
A informação consta de um relatório confidencial da Agência Internacional da energia Atómica (AEIA), a que a Associated Press teve acesso, e é revelada no dia em que o Irão cumpriu a ameaça de começar a limitar as inspeções às respetivas centrais nucleares.
As restrições ao acesso internacional são mais uma forma de pressão para sobretudo os Estados Unidos retirarem as sanções económicas que têm vindo a estrangular o Irão.
As principais potências europeias signatárias do acordo de 2015 (Alemanha, França e Reino Unido) consideram a medida iraniana perigosa, mas Teerão espera forçar um gesto mais apaziguador em Washington.
"A Administração Biden travou a tentativa falhada da anterior administração americana de repor as sanções da ONU e aligeirou as restrições inaceitáveis à circulação de diplomatas iranianos nas Nações Unidas. Ao mesmo tempo que salutamos estas medidas que colocam os Estados Unidos num caminho construtivo, consideramo-las ainda muito insuficientes", afirmou Ali Rabiei, o porta-voz do governo iraniano.
Em processo de desfazer muitas das políticas seguidas pelo antecessor Donald Trump, Joe Biden já se mostrou favorável a fazer reentrar os Estados Unidos no acordo nuclear, de onde saiu em 2018, mas exige que o Irão cumpra o acordado em 2015, o que não parece fácil.
Além do urânio enriquecido a 20% e agora das restrições, o Irão tem vindo também a aumentar muito acima do acordado o armazenamento do chamado urânio pouco enriquecido, isto é, enriquecido abaixo dos 4%.
O armazenamento já atinge quase as 3 toneladas. No anterior relatório da AIEA, o volume iraniano de urânio pouco enriquecido armazenado era de 2.442,9 Kg.