Um drama sem fim à vista em Cabo Delgado

Um drama militar como há muito não se via em Moçambique. A situação na vila de Palma, no norte do país, tomada pelos extremistas, continua catastrófica. Do que se passa no terreno sabe-se o que diz quem de lá partiu com pouco mais do que a roupa que trazia no corpo.
As populações continuam a fugir para Pemba onde se acumulam sem saber, de facto, o que fazer. Muitos permanecem ainda na pequena localidade de Cabo Delgado, Palma. Do outro lado esperam-se, ansiosamente, notícias. Aguardam-se chegadas de familiares e amigos.
A ajuda está a ser oferecida por vários países e organizações. Mas o que Moçambique precisa é de apoio na formação das forças especiais. Foi pelo isso que o presidente Filipe Nyusi disse ao chefe da Diplomacia portuguesa:
_"O presidente Nyusi, quando me reuni com ele, e antes ao telefone com o primeiro-ministro, foi absolutamente claro e disse: "são soldados moçambicanos que têm de defender a terra moçambicana. Portanto, nós agradecemos o apoio, não só do ponto de vista da cooperação da técnico-militar com Portugal, como também do apoio europeu no que precisamos que é apoio na formação, designadamente na formação de forças especiais". _
É muito difícil combater estas redes terroristas e os ataques que fazem, que são ataques que não obedecem a nenhuma lei de guerra, pelo contrário. Procuram atingir civis, procuram realizar massacres indiscriminados e procuram utilizar, as formas mais vis e mais violentas de ação. E, portanto, é necessária uma formação específica. E também no domínio sanitário, no domínio logístico e é isso que nós estamos a preparar".
Portugal espera ter, nas próximas semanas, cerca de 60 militares portugueses especializados no terreno para apoiar Moçambique na formação de forças especiais, como frisou Augusto Santos Silva à RTP.
Mas formar militares leva tempo e a situação humanitária no país agrava-se de dia para dia. Um moçambicano, entrevistado pela agência Lusa fala do drama pelo qual passou diz que nem os animais, os chamados irracionais, são tratados desta forma, e pergunta quando é que tudo isto terminará?
Uma pergunta sem resposta numa crise que está, totalmente, fora de controlo. De acordo com a Organização Mundial para as Migrações há já mais de 3000 deslocados e mais de dois mil mortos.