O projeto piloto vai apoiar 200 empresas a introduzir mudanças e a melhorar a tecnologia para aumentar a produtividade
Alba Herrero trabalha quatro dias por semana no restaurante La Francachela, em Madrid. E graças a um turno mais curto, consegue estudar para ser professora.
Os proprietários do restaurante decidiram adotar um turno semanal de 32 horas depois do primeiro confinamento, quando tiveram de trabalhar e ao mesmo tempo tratar dos filhos.
María Álvarez, a proprietária lembra que a vida privada e a vida familiar também fazem parte da economia e diz que é preciso cuidar delas e colocá-las em primeiro plano.
Com os novos horários e com a ajuda da tecnologia, como a receção de encomendas através da internet, Alba faz o trabalho em menos horas e sem ver o salário a diminuir.
Teste a nível nacional
O governo espanhol aprovou a proposta do partido Más País e lançançou um projeto piloto que permite às empresas testarem as 32 horas semanais.
Para o deputado Inigo Errejón, "vivemos vidas que consistem em ir de casa para o trabalho e do trabalho para casa, e no fim-de-semana aproveitamos para fazer as compras". “Isto não é vida”, diz o deputado do Más País.
Mais de metade dos trabalhadores espanhóis trabalham mais de 40 horas por semana. Alguns dizem que o governo deveria primeiro garantir que ninguém trabalha mais de oito horas por dia e cinco dias por semana, antes de avançar para semanas de trabalho mais curtas.
A pandemia deslocou o trabalho do escritório para casa, permitindo uma maior flexibilidade na agenda diária. Mas os especialistas lembram que o trabalho à distância também pode levar a turnos mais longos.
José Luis Casero, presidente da Comissão Nacional para a Racionalização dos Horários Espanhóis, destaca a importância de "sabermos terminar o dia de trabalho", no escritório ou em teletrabalho, "para que se possa ter uma vida depois".
Se a experiência piloto correr bem, Espanha poderá tornar-se num dos primeiros países do mundo a adoptar uma semana laboral de quatro dias.