O escrutínio, que pretende mostrar ao mundo que o país funciona apesar da guerra, deve ter como resultado a reeleição de Bashar al-Assad.
Os sírios votam, esta quarta-feira, numas eleições presidenciais em que há três candidatos, mas em que não há qualquer dúvida sobre quem vai ser o vencedor. Nestas segundas eleições desde que o país entrou em guerra, há dez anos, o resultado mais que previsível é a reeleição de Bashar al-Assad para um novo mandato de sete anos. Nos EUA, a administração Biden já disse que não irá reconhecer os resultados tal como vários países europeus, já que que as eleições acontecem sem supervisão da ONU nem da sociedade civil síria.
Diz o presidente sírio: "A mobilização a que se assistiu nas últimas semanas é uma clara resposta às críticas do ocidente. A mensagem que manda é que essas opiniões valem zero e os líderes ocidentais valem dez vezes menos".
As duas outras candidaturas são de figuras praticamente desconhecidas. A família Assad está no poder na Síria há mais de 50 anos. Um poder inabalável até à guerra civil que estalou há dez anos, no seguimento da chamada Primavera Árabe e matou já mais de 338 mil pessoas, além de ter feito milhões de deslocados. Só a população das áreas controladas pelo governo vota nestas eleições.
"A Síria mantém-se em funcionamento"
Ali Alavi é professor de estudos orientais e africanos na Universidade de Londres: "Estas eleições pretendem dizer ao mundo, em especial ao ocidente, que o Estado sírio e o governo sírio funcionam como uma máquina, apesar de dez anos de guerra civil. Isto segue-se a uma série de amnistias que o Estado sírio decretou para o regresso de refugiados e alguns pacotes económicos. Mas é, sobretudo, uma mensagem para dizer que a Síria continua a funcionar e está tudo na mesma".
Assad está no poder desde 2000, depois de três décadas em que o país foi governado pelo pai, Hafez el-Assad. A guerra abalou o poder, mas o presidente sírio mantém-se de pedra e cal no comando dos destinos do país, graças ao apoio dos aliados Irão e Rússia.