O golpe, perpetrado pela linha dura do PC soviético contra Mikhail Gorbachov, precipitou o fim da União Soviética.
Foi há 30 anos que o nome de Boris Ieltsin se tornou conhecido do mundo inteiro, num episódio que viria a precipitar o fim da União Soviética, poucos meses depois. A 19 de agosto de 1991, os tanques desfilavam em Moscovo e um grupo de políticos da linha dura do Partido Comunista da União Soviética dava uma conferência de imprensa, dizendo que o secretário geral Mikhail Gorbachov estava doente e a descansar na casa de férias.
A população, que não quis ver deitadas por terra as reformas democráticas de Gorbachov, percebeu o que se estava a passar e saiu à rua contra o golpe de Estado. Nessa reação, uma figura impôs-se: a do presidente da Rússia, então ainda uma das 15 repúblicas integrantes da URSS, Boris Ieltsin, o primeiro a ser eleito democraticamente.
A imagem de Ieltsin a discursar em cima de um tanque correu mundo. Perante a reação popular, os militares que cercavam com tanques a sede do governo da Rússia depuseram as armas. O golpe implodiu, a democracia triunfou e Gorbachov pôde regressar a Mosvovo. Mas nada seria como dantes.
Quando o então ainda líder da União Soviética regressou ao posto, percebeu que já não tinha poder e a população da Rússia estava com Ieltsin.
"Ele foi mantido prisioneiro, durante três dias, pelos organizadores do golpe. Quando foi libertado e regressou a Moscovo, estava já refém de Ieltsin, porque lhe devia a libertação" conta Guennadi Baboulis, então assessor de imprensa de Gorbachov.
Em dezembro desse mesmo ano, Gorbachov acabaria por assinar o decreto que pôs fim aos 74 anos de existência da URSS. Foi o início da Rússia independente e democrática. Uma democracia cada vez mais posta em dúvida pela comunidade internacional, com o sucessor designado de Ieltsin, Vladimir Putin, no poder há mais de 20 anos.