Protestos sociais em plena crise governativa

Milhares de pessoas encheram as ruas de Buenos Aires, em protesto contra o Governo do Presidente Alberto Fernández, escassos dias após as eleições primárias, onde ficou expressa uma derrota política para o atual executivo a dois meses das Legislativas.
Os manifestantes exigiram mais emprego e melhores condições sociais, num país em recessão há já três anos e meio, agravada ainda mais pela atual epidemia de Covid-19.
O protesto percorreu as ruas da capital argentina tendo como destino o Ministério do Desenvolvimento Social, um dia depois de cinco ministros e dois funcionários ligados à vice-presidente Cristina Kirchner terem pedido demissão do executivo, agudizando a pressão sobre o Presidente para ceder à líder da principal força da coligação no poder.
Kirchner estará a pressionar Fernández para demitir o chefe do Gabinete de Ministros, Santiago Cafiero, e o Ministro da Economia, Martín Guzmán, a quem são atribuídas culpas pelo agravamento da crise argentina, onde se registou em agosto uma inflação interanual de 51,4%, um aumento do desemprego e o agravamento da pobreza em 42% no segundo semestre de 2020.
Nas primárias de domingo, obrigatórias para 34,3 milhões de eleitores registados, a coligação "Frente de Todos", atualmente no poder, apenas conseguiu ser a mais votada em sete das 24 jurisdições argentinas na corrida aos 127 assentos na câmara baixa do Parlamento e, para o Senado, apenas em duas das oito províncias na corrida eleitoral este ano.
Já a principal coligação da oposição, "Juntos por el Cambio", onde se inclui o ex-presidente Mauricio Macri, foi considerada a vencedora das primárias, recolhendo mais votos na maioria das jurisdições. O escrutínio oficial, a cargo da Justiça, apenas começará terça-feira.
As eleições legislativas para renovar a câmara dos deputados e o Senado estão marcadas para 14 de novembro.