SPD, Os Verdes e FDP chegam a acordo para governar Alemanha

O Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), do centro-esquerda, Os Verdes e o Partido Liberal (FDP) apresentaram esta quarta-feira o acordo para formar novo Governo na Alemanha, com Olaf Scholz, o ministro das Finanças, a suceder a Angela Merkel como chanceler.
Os três partidos, conhecidos como “coligação semáforo” devido às cores que os identificam – vermelho, verde e amarelo – trabalharam o acordo durante dois meses de intensas negociações, depois de os sociais-democratas (SPD) terem ganhado, por uma pequena margem, as eleições de 26 de setembro.
O acordo – o primeiro tripartido a nível federal na Alemanha –, abre um novo capítulo no país após os 16 anos de Merkel no poder.
O pacto é voltado para as lutas contra a crise climática e a pandemia. Entre as novas medidas acordadas está a vacinação obrigatória contra a COVID-19, em locais onde são atendidas pessoas particularmente vulneráveis.
Scholz, dos sociais-democratas, vai ser o novo chanceler, Annalena Baerbock de Os Verdes vai ser a ministra dos Negócios Estrangeiros, e Robert Habeck, co-líder de Os Verdes, vai liderar o novo “superministério” da economia com objetivos de proteção ambiental.
Em conferência de imprensa, Olaf Scholz, dos sociais-democratas, disse esperar que os membros dos partidos deem luz verde ao acordo nos próximos dez dias.
"Queremos ousar fazer mais progressos", acrescentou, apontando o aumento do salário mínimo para 12 euros por hora e o desenvolvimento de tecnologia de ponta produzida na Alemanha.
O slogan programático do primeiro chanceler social-democrata da Alemanha, Willy Brandt, era "Wir wollen mehr Demokratie wagen" ["Queremos ousar mais democracia"].
Scholz também destacou a importância da “Europa soberana”, a amizade com a França e a parceria com os Estados Unidos, como pontos-chave da política externa do Governo, dando continuidade à longa tradição do pós-guerra.
O novo Governo não vai procurar “o menor denominador comum, mas [sim] a política dos grandes impactos”, prometeu Scholz.
Robert Habeck, por sua vez, afirmou que as medidas planeadas pelo Governo vão colocar a Alemanha no caminho para cumprir as metas do acordo de Paris, de 2015, que tem como principal objetivo reduzir as emissões de gases de efeito estufa para limitar o aumento médio de temperatura global.
Para o co-líder de Os Verdes, o acordo de coligação alcançado é um documento de "coragem e confiança" em tempos de incerteza, que obrigou a negociações "exaustivas".
O acordo, intitulado "Ousar para mais progresso. Aliança pela liberdade, justiça e sustenta bilidade", destaca a proteção ambiental.
A eliminação progressiva do carvão está agora prevista para 2030, oito anos mais cedo do que a meta inicial.
Também o líder dos liberais, Christian Lindner, o terceiro a falar aos jornalistas, apelou à redução de contactos, "limitando-os ao necessário" para travar a nova vaga da pandemia que tem afetado duramente a Alemanha.
O dirigente do FDP afirmou ainda que o novo Governo tem outros desafios a enfrentar, como a "descarbonização, a digitalização e o envelhecimento da sociedade".
"Estabelecemos como meta alcançar essa grande transformação e, ao mesmo tempo, manter a prosperidade, o emprego e a liberdade para as pessoas", destacou Christian Lindner.