Crianças à venda no Afeganistão

Sentadas no chão ao lado dos pais e dos avós, várias crianças apresentam-se para a câmara no que pode ser encarado como uma espécie de catálogo da miséria. Em Qadis, uma localidade no nordeste do Afeganistão, bebés e crianças do sexo feminino são vendidas por poucas centenas de dólares.
Numa pobreza mais extremada desde que o governo taliban chegou ao poder, uma mulher justifica a decisão dizendo que "vende as filhas quando não tem nada para comer".
Os compradores são normalmente homens adultos que procuram noivas. Hajira tem 5 anos e a perna partida travou a venda por cerca de 1300 euros.
"Ela foi vendida antes de ficar ferida. Depois aconteceu-lhe isto, agora não me rende nada e tenho 100.000 afganes (cerca de 900 euros) de dívidas para pagar," diz Abdul Ghani, o pai de Hajira.
O golpe que pôs no poder os rebeldes taliban em agosto passado fez secar a ajuda internacional. Um delegado do regime diz que as portas estão abertas para quem quiser ajudar.
"Das pessoas que vêm para o Afeganistão para ajudar, desde que o emirado islâmico tomou conta do país, ninguém teve quaisquer problemas de segurança," declara o comandante talibã.
Mesmo com a pobreza a céu aberto, o regime talibã desmente a existência de uma crise humanitária, mas, já este ano, as Nações Unidas lançaram a maior campanha para ajudar a população afegã.
Estima-se que cerca de 90% dos 38 milhões de habitantes estejam dependentes da ajuda internacional.