Moscovo diz-se disposto a negociar com a Ucrânia mas continua invasão

Sergey Lavrov
Sergey Lavrov Direitos de autor AP/Russian Foreign Ministry Press Service
Direitos de autor AP/Russian Foreign Ministry Press Service
De  Euronews
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

O representante diplomático russo esteve reunido em Moscovo com responsáveis das duas autoproclamadas repúblicas do leste da Ucrânia

PUBLICIDADE

Militares russos dizem ter assumido o controlo do aeroporto de Hostomel, na periferia de Kiev. A infraestrutura tem uma longa pista que permite a aterragem de aviões de transporte de cargas pesadas o que poderá ajudar a Rússia a transportar, directamente, tropas para a periferia da capital ucraniana.

O porta-voz do Ministério da Defesa russo, o general Igor Konashenkov, garantia que as forças aéreas russas utilizaram 200 helicópteros para aterrar em Hostomel e mataram mais de 200 militares pertencentes às forças especiais da Ucrânia.

Konashenkov afirmava ainda que as tropas russas não sofreram baixas o que contradiz as informações avançadas pelos ucranianos de que estas sofreram pesadas baixas nos combates ali travados.

Moscovo está disposto a negociar com a Ucrânia

O presidente russo, Vladimir Putin, terá dito ao seu homólogo chinês, Xi Jinping, que Moscovo está disposto a negociar com a Ucrânia, isto apesar de as forças russas estarem a invadir o país vizinho. Uma informação avançada pela televisão estatal chinesa, CCTV, após o Kremlin afirmar que o governo russo está a considerar a oferta do presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, para renegociar o estatuto de não-alinhado para o seu país.

Foi em dezembro de 2014 que a Ucrânia renunciou a este estatuto com o objetivo de se aproximar da NATO. Uma decisão tomada após a anexação da península ucraniana da Crimeia pela Rússia e do conflito com os rebeldes separatistas pró-russos no leste do país.

A posição do chefe de Estado chinês é a de que "apoia a Rússia e a Ucrânia na resolução do problema através de negociações", de acordo com a CCTV.

Alemanha envia mais meios militares para o flanco oriental da NATO

O Ministério da Defesa da Alemanha confirmou ao semanário alemão Der Spiegel que está a destacar meios militares, adicionais, para o flanco oriental da NATO. A publicação adiantava ainda, apesar de não ser confirmado pelo representante do governo germânico, que os novos destacamentos incluem 150 soldados e cerca de uma dúzia de veículos blindados de combate Boxer, dois navios e sistemas anti-mísseis.

O porta-voz do referido ministério, Christian Thiels, confirmava ainda que uma corveta da marinha partirá no sábado para patrulhas no Báltico enquanto uma fragata será destacada para o Mediterrâneo, ambas sob o comando da Aliança Atlântica. A Alemanha está também a avaliar o envio de sistemas anti-mísseis Patriot para um país da NATO da Europa de Leste.

Lavrov: Rússia quer "libertar os ucranianos da opressão"

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov, declarou esta manhã que Kiev tomou o caminho da "russofobia" e "genocídio", e que a Rússia "não ficará indiferente aos pedidos de ajuda" daqueles territórios face "à ameaça do agressor" (ANSA).

O representante diplomático russo esteve reunido na capital russa com responsáveis das duas autoproclamadas repúblicas do leste da Ucrânia.

Donestk e Lugansk declaram que pretendem abrir embaixadas em Moscovo num futuro próximo.

UEFA transfere final da Liga dos Campeões para Paris

A final da Liga dos Campeões, que deveria decorrer em São Petersburgo a 28 de maio, terá afinal lugar em Paris, no Estádio de França. A decisão é justificada diretamente com a invasão da Rússia à Ucrânia.

Tanques russos entraram esta manhã em Kiev

As Forças Armadas ucranianas emitiram um alerta para os residentes do bairro de Obolon. Pedem aos populares que fiquem em casa ou que "façam cocktails molotov" para "neutralizar o ocupante". Foram entretanto ouvidos disparos de artilharia na zona onde estão instalados os edifícios governamentais.

De acordo com o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, a "segurança" do presidente ucraniano está em risco, com este cerco a Kiev e França "está em condições de o ajudar, se necessário". Entrevistado na rádio France Inter esta sexta-feira de manhã, Jean-Yves Le Drian acusou Putin de "semear a guerra" considerando que a ofensiva em curso pode estender-se à Moldávia e à Geórgia.

A França, que preside à União Europeia, anunciou entretanto que os ministros da Administração Interna dos 27 vão reunir-se num conselho de emergência este fim de semana.

Este é considerado "o dia mais difícil" até pelas autoridades ucranianas. "O plano do inimigo é avançar com colunas de tanques a partir do lado de Ivankiv e Chernihiv até Kiev," revelou um conselheiro do Ministério ucraniano do Interior. Anton Gerashchenko não comenta as informações de que as tropas russas avançam no terreno com muito pouca resistência e garante que os tanques russos são destruídos "quando atingidos pelos ATGM (mísseis anti-tanque guiados)".

Nas contas do governo de Kiev, as primeiras 24 horas de guerra fizeram mais de 130 mortos, a maioria civis. O presidente ucraniano diz que está em curso uma tentativa de golpe de estado para derrubar o governo.

Há notícia de que o cerco a Kiev está praticamente completo. Colunas militares estão nos arredores da capital ucraniana.

PUBLICIDADE

Volodymyr Zelenskyy apela ao apoio internacional efetivo no terreno. "Estamos sozinhos na defesa da nossa nação. Quem está pronto para lutar connosco? Não vejo ninguém. Quem está pronto a dar à Ucrânia uma garantia para aderir à NATO? Toda a gente está com medo," disse numa comunicação ao país.

A Ucrânia confirmou a perda de controlo da zona de exclusão de Chernobyl para as tropas russas. Há relatos de que os trabalhadores do parque da antiga central nuclear foram feitos reféns. As informações da detenção foram classificadas como "credíveis" pela Casa Branca e de imediato condenadas.

A porta-voz do presidente dos Estados Unidos pediu a libertação imediata de todos os reféns.

Jen Psaki classifica esta manobra como "ilegal e perigosa" uma vez que interrompe os trabalhos de rotina necessários para manter e proteger a instalação de resíduos nucleares.

Putin diz que ataque a alvos civis são "medidas forçadas"

Quando anunciou a entrada das tropas russas na Ucrânia, Vladimir Putin garantiu que o objetivo não era ocupar a o país e que os alvos seriam apenas militares.

PUBLICIDADE

A realidade das primeiras 24 horas desmente esta intenção. Putin garante que foi "obrigado" a mudar a estratégia.

"O que está a acontecer neste momento são medidas forçadas. Não nos restou outra forma de proceder," declarou o presidente russo.

O governo ucraniano emitiu uma ordem de mobilização militar geral e ordenou a todos os homens entre os 18 e os 60 anos que permanecessem na Ucrânia para defender o país.

Os analistas apontam evidências na desporporção de meios militares entre os dois países. Os ucranianos combatem um dos mais fortes exércitos do mundo.

União Europeia condena agressão militar russa e endurece sanções

A União Europeia (UE) decidiu colocar o presidente Vladimir Putin e o Ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, na lista de pessoas a serem alvo de sanções e congelar os seus bens. A UE anunciou um novo pacote de sanções contra a Rússia esta sexta-feira. É considerado o mais duro conjunto de medidas de sempre adotado em Bruxelas. Reunidos num Conselho Europeu extraordinário, os chefes de Estado e de Governo da UE mostraram-se unidos contra o presidente russo, Vladimir Putin, que consideram imprudente e brutal.

PUBLICIDADE

"Vladimir Putin decidiu agora fazer uma guerra contra aUcrânia, mas não vai ganhar esta guerra, porque os cidadãos da Europa querem a paz, o Estado de direito e a democracia. E os cidadãos da Ucrânia demonstraram isso muito claramente", sublinhou o chanceler alemão Olaf Scholz, presente no encontro de Bruxelas.

Hoje vemos a realidade devastadora de uma guerra em grande escala na Europa. A Rússia é a única culpada. Vai pagar um preço pesado.
Charles Michel
Presidente do Conselho Europeu

Quais as exigências do Conselho Europeu à Rússia?

  • Cessação imediata das acções militares
  • Retirada incondicional de todas as forças e equipamentos militares da Ucrânia
  • Respeito pleno da integridade territorial, soberania e independência da Ucrânia
  • Respeito pelo direito internacional
  • Fim da campanha de desinformação e ciberataques

O que contempla o novo pacote de sanções à Rússia?

A cimeira extraordinária de líderes europeus aprovou um novo pacote de sanções à Rússia, agravando as medidas restritivas adoptadas no dia anterior, na sequência do reconhecimento pela Rússia das autoproclamadas repúblicas separatistas de Lugansk e Donetsk. Estas sanções abrangem:

  • o sector financeiro
  • os sectores da energia e dos transportes
  • bens de dupla utilização
  • controlo das exportações e financiamento das exportações
  • política de vistos
  • listagens adicionais de indivíduos russos

O Conselho Europeu condenou o envolvimento da Bielorrússia na agressão militar russa e apelou à rápida preparação de um novo pacote de sanções individuais e económicas que abranja também a Bielorrússia.

Já estão na Polónia, país membro da União Europeia, os primeiros refugiados ucranianos que deixaram o país por via terrestre, de carro ou nos caminhos-de-ferro. Um comboio com origem na cidade ucraniana de Kharkiv, no leste do país, perto da fronteira russa, chegou a Przemysl, na Polónia, com várias centenas de refugiados a bordo.

Protestos populares contra a ofensiva russa

Muitos russos não estão de acordo com a invasão da Ucrânia e saíram esta quinta-feira à noite à rua em protesto, em várias cidades da Rússia. O regime de Vladimir Putin não admite manifestações. Cerca de 1800 pessoas foram detidas.

PUBLICIDADE

Nas ruas de várias cidades europeias, milhares de pessoas saíram à rua apelando à Rússia para que pare com a guerra. Berlim, Paris, Varsóvia, Lisboa e Haia estão entre as cidades que se manifestaram em apoio à Ucrânia e exigindo medidas mais duras contra Moscovo.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

"Estamos zangados, estamos assustados, estamos nervosos e não sabemos o que fazer"

NATO ativa Força de Reação Rápida

Ucrânia aposta na indústria de defesa nacional enquanto aguarda por mais munições dos aliados