Mobilização anunciada por Vladimir Putin fez aumentar significativamente o número de russos na Geórgia
A Geórgia tem sido um dos principais refúgios para os milhares de russos que tentam escapar à mobilização decretada por Putin. Além da proximidade, podem ficar até um ano no país sem necessidade de visto, pormenor que começa a ser criticado no país face ao crescente número de russos.
O mercado imobiliário também foi fortemente afetado pelos acontecimentos no país vizinho. Kakha Samkurashvili é investigador no banco Galt & Taggart, explica que "o número de migrantes disparou com a guerra" , o que levou "o preço das rendas a aumentar em média 60% em abril", estabilizando em seguida.
Acrescenta que "são os migrantes mais abastados que procuram casa" e que estes "preferem arrendar" e "consideram que comprar não é razoável, uma vez que a sua presença pode ser temporária".
Nas ruas de Tiblíssi não é difícil encontrar cidadãos russos, mas também não é fácil encontrar quem esteja disposto a dar a cara. A euronews encontrou uma exceção, que ainda assim preferiu não dar o nome:
"Participámos no protesto antiguerra em São Petersburgo e abriram um processo administrativo contra nós. Não esperámos que a situação piorasse e fugimos. Estávamos a pensar comprar aqui um apartamento mas a procura é tanta devido à imigração que decidimos não abusar mais da hospitalidade da Geórgia e das suas pessoas. Vamos tentar resolver os nossos problemas de forma independente noutro sítio."
E se muitos utilizam a Geórgia como um simples ponto de passagem, quem não tem alternativa senão ficar vê a vida complicar-se. Vazha Mebaghishvili é administrador da Associação de Bens Imobiliários da Geórgia e sublinha que "há uma maior procura desde que a mobilização foi anunciada" mas que estes "não têm disponibilidade financeira para comprar".
Explica que "na primeira fase da migração, a procura incidia sobre bens imobiliários de alto custo. Agora procuram apartamentos baratos onde possam viver cinco ou dez pessoas".
As dificuldades de quem chega são agravadas pela relutância dos proprietários em fazer negócio com quem foge da guerra por receio de incumprimento. A julgar pelo movimento na fronteira, o problema promete agravar-se.