Ativista afegã critica dois pesos e duas medidas da comunidade internacional

Zarifa Ghafari, ex-presidente da câmara de Maidan Shahr, capital da província de Wardak, no Afeganistão, recebeu esta terça-feira das mãos de Marcelo Rebelo de Sousa o Prémio Norte-Sul do Conselho da Europa. A ativista encontra-se no exílio desde que os talibãs regressaram ao poder no Afeganistão, defende o diálogo de todas as forças internas como a única solução para o conflito e não hesita em apontar o dedo à comunidade internacional.
"Parem de fazer jogos com o país ao apoiar atividades terroristas. Porque agora, o Estado Islâmico está ativo no país enquanto os talibãs estão no poder, graças à comunidade internacional. A mesma comunidade internacional que apoia o Estdos Islâmico. Porque se não é a comunidade internacional, onde é que eles conseguem as armas? Onde é que eles vão buscar dinheiro?," declarou Zarifa Ghafari, em entrevista à agência Lusa.
A ativista também abordou a situação no Irão e lamentou que a luta pelo pão, pela educação e pela dignidade no seu país não tenha o mesmo eco, nem chegue às celebridades como Elon Musk que deu o starlink ao povo ucraniano.
"Anunciou "vou dar o starlink ao povo iraniano?" Porque é que o meu sangue é diferente do deles? Porque é que a minha voz é diferente? Porquê?" - A pergunta de Gharafi segue sem resposta, mas o Prémio do Conselho da Europa sempre lhe dá alguma visibilidade internacional.
Além da ativista, também foi distinguido o mecanismo da Covax, que permitiu que a vacina contra a covid-19 fosse distribuída pelo mundo inteiro, em particular aos países mais pobres.