Tesouros alimentares da UE ameaçados pela alteração climática

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De  Julie Van OsselEuronews
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Em 2022, vinte e oito produtos de DOP pediram isenção, o que nunca tinha acontecido.

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As azeitonas Kalamata, o presunto Ibérico, ou o queijo Parmesão, são apenas alguns dos tesouros da gastronomia europeia. Existem mais de 3500 produtos tradicionais em toda a Europa, produtos com os selos Denominação de Origem Protegida (DOP) ou Indicação Geográfica Protegida (IGP), que atestam a sua qualidade.

Um património gastronómico, agora ameaçado pela alteração climática.

No coração de França, uma manada de vacas está finalmente a pastar de novo, depois de um verão de seca que teve um impacto direto na produção de um queijo de DOP, chamado "Fourme de Montbrison."

Segundo Véronique Murat, produtora de laticínios, "normalmente, pelo menos durante uns quatro meses, as vacas ficam a pastar no exterior mas este ano a erva foi muito curta e seca, por isso não puderam fazê-lo."

A certificação DOP exige que 100% da ração das vacas venha desta terra, um requisito que, este ano, foi difícil de cumprir. Por isso, a produtora solicitou uma isenção.

"Graças à isenção, conseguimos comprar forragem fora da área estipulada, e isso salvou-nos," explicou.

Temos muito cuidado para que as características do produto permaneçam intactas, para que o sabor do leite e, portanto, o sabor do queijo, não seja modificado.
Carole Ly, diretora do INAO

O seu produto está longe de ser o único afetado. Dos sessenta queijos franceses com o selo, quase metade obteve, este ano, uma isenção.

Segundo Hubert Dubien, presidente do Conselho Nacional dos Laticínios de DOP de França, "este ano, vinte e oito produtos de DOP pediram isenção, o que nunca tinha acontecido. Costumávamos ter pedidos de modificações temporárias nos requisitos, especialmente no sul da França, mas agora percebemos que há mais produtos afetados, incluíndo no norte do país."

Perguntámos à responsável pela certificação em França, Carole Ly, se a modificação dos critérios pode alterar a qualidade e o sabor do produto.

Segundo Carole Ly, diretora do INAO-Instituto Nacional da Origem e da Qualidade, “temos muito cuidado para que as características do produto permaneçam intactas, para que o sabor do leite e, portanto, o sabor do queijo, não seja modificado. Por exemplo, o queijo francês “Comté” permanecerá o mesmo “Comté” e o consumidor não vai notar a diferença."

A França é um dos Estados-membros com mais produtos certificados, atrás apenas da Itália. Na planície Padana deste país, a produção de queijo Parmesão deverá diminuir, devido ao nível baixo recorde do leito do rio, cuja água é usada para irrigar os campos.

Em Espanha, prevê-se que a falta da ração estipulada para os porcos ibéricos usados no presunto Bellota irá causar um aumento dos preços do produto. 

Por toda a Europa, a onda de calor deste ano afetou os produtores e tornou mais difícil manter os padrões dos selos.

Dada a realidade do aquecimento global, os produtores terão, mais do que nunca, de continuar a adaptar-se.

A seca deste ano, a pior em quase 500 anos, poderá passar a ocorrer, segundo os peritos, pelo menos de vinte em vinte anos.

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