Primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, reitera apoio à Polónia, após queda de projétil no território, mas recusa acusações à Rússia, com investigação do caso em curso.
As autoridades polacas prosseguem as investigações junto à fronteira com a Ucrânia para averiguar a origem do projétil que, esta terça-feira, matou duas pessoas no país. Apesar de a NATO ter já admitido que a explosão foi provavelmente causada por um míssil das defesas aéreas ucranianas, no que diz respeito às palavras, as últimas horas têm sido de contenção.
A Organização das Nações Unidas (ONU) prefere sublinhar que a Ucrânia tem direito a defender o próprio território e que um possível acidente não teria acontecido se o país não tivesse sido invadido.
O Conselho de Segurança da ONU reuniu-se esta quarta-feira, em Nova Iorque, onde a subsecretária-geral das Nações Unidas para Assuntos Políticos e de Construção da Paz, Rosemary DiCarlo, alertou para um cenário de escalada da violência além das fronteiras ucranianas.
"Os riscos de repercussões potencialmente catastróficas continuam a ser demasiado reais. O incidente desta terça-feira na Polónia, perto da fronteira ucraniana, foi uma chamada de atenção assustadora para a necessidade absoluta de evitar qualquer nova escalada", afirmou a representante da ONU.
Após o incidente na Polónia, os riscos para os países vizinhos da Ucrânia tornaram-se mais evidentes. No seguimento de um encontro sobre migrações com líderes da Sérvia e da Áustria, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, dirigiu-se aos jornalistas para prestar uma declaração em que alertou para os perigos militares e económicos da guerra.
Após ter lamentado a morte dos dois polacos vítimas de um projétil, o líder do executivo húngaro afirmou que com "uma guerra no país vizinho, o próprio país não é seguro" e revelou ainda que "durante o bombardeamento, o fornecimento de gás a partir da Ucrânia em direção à Hungria foi interrompido".
Orbán tinha já classificado como "irresponsáveis" as declarações de Volodymyr Zelenskyy, ao afirmar que o projétil caído em território polaco era de origem russa. Mas o presidente ucraniano continua convencido de que o míssil não teve origem na Ucrânia e solicita "acesso imediato" ao terreno para que "todos os detalhes" sejam averiguados.
Moscovo nega ter qualquer alvo militar num raio de 35 km da fronteira entre a Ucrânia e a Polónia e acusa a Kiev de tentar escalar a guerra.