Racismo, homofobia e sexismo na Polícia Metropolitana de Londres

Louise Casey, autora de relatório sobre conduta da Polícia Metropolitana de Londres
Louise Casey, autora de relatório sobre conduta da Polícia Metropolitana de Londres   -  Direitos de autor  AP Photo
De  Nara Madeira

Relatório sobre conduta dos agentes da Polícia Metropolitana de Londres denuncia racismo, homofobia e sexismo. Organismo precisa de "reforma radical".

Um relatório, agora publicado, o "Baroness Casey Review", dá conta de que a maior força policial do Reino Unido, a Polícia Metropolitana da grande Londres, precisa de uma reforma radical, urgente. No seio desta força há racismo, homofobia e sexismo, mas não só, e não é de hoje. 

O documento independente - que surge na sequência do rapto, violação e assassinato de uma jovem por um agente - foi liderado por Louise Casey. Esta baronesa afirmava que as "provas de que a MET sobre-policia e sub-protege, por exemplo, a comunidade negra, são bastante claras". São visíveis no facto do sistema "pára e revista" ou douso da força serem, amplamente, "desproporcionais entre os negros e os brancos".

O relatório revela histórias perturbadoras sobre o comportamento dos polícias. 12% das agentes foram assediadas ou violentadas no trabalho, situações muitas vezes encobertas ou minimizadas.

É claro que aceito que muitos polícias vão trabalhar pelas razões certas. (...) Mas a polícia precisa de aceitar que este trabalho também pode atrair predadores e intimidadores, aqueles que querem poder sobre os seus concidadãos e usar esses poderes para causar danos e discriminar.
Louise Casey
Autora do relatório

Louise Casey responsabiliza, em primeiro lugar, as anteriores chefias da MET que, por um lado condenaram as vozes críticas externas, por outro intimidaram e silenciaram as internas enquanto iam tranquilizando a opinião pública.

Um estudo de 2021 tinha já concluído que a corrupção está institucionalizada, no seio da Polícia Metropolitana de Londres.

Sarah Everard foi raptada, violada e assassinada por um agente da Met

Foi há dois anos, a 3 de março de 2021, que a jovem Sarah Everard, de 33 anos, foi raptada, violada e assassinada por um agente da Polícia Metropolitana, em serviço. Wayne Couzens acabou condenado - em setembro do mesmo ano,quase sete meses depois da violenta morte - a prisão perpétua pelos três crimes mas também por tê-los cometido enquanto agente da referida força policial.

O agora ex-polícia serviu-se da sua identificação e autoridade para deter Sarah, que caminhava sozinha na rua à noite. Algemou-a e forçou-a a entrar no seu carro, sob o falso pretexto de que esta estava a desrespeitar o confinamento decretado devido à pandemia de Covid-19.

Couzens violou Sarah, estrangulou-a com o cinto do seu uniforme e queimou, depois, o corpo. Os restos mortais foram encontrados uma semana depois do seu desaparecimento a uma centena de quilómetros de Londres.

Foram as imagens de uma câmara de vigilância e o testemunho um casal que ajudaram a condená-lo.

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