Há clubes de futebol europeus a fazer lobby por uma nova associação de futebol: O que pretendem?

União dos Clubes Europeus
União dos Clubes Europeus   -  Direitos de autor  Twitter/Union of European Clubs
De  Euronews

União dos Clubes Europeus afirma que mais de 90% das equipas europeias têm pouca ou nenhuma influência nas decisões desportivas e financeiras.

Uma nova organização de clubes, que se diz " não-elitistas", está a tentar alterar o equilíbrio de poder no futebol europeu.

A União de Clubes Europeus (UEC) não conta, até ao momento, com nenhum membro oficial, mas já conta com o interesse de 40 equipas, incluindo o Sevilha, o Aston Villa, o Brighton, o Crystal Palace e o Union Saint-Gilloise.

No evento de lançamento, em Bruxelas, - ao qual se juntaram também a vice-presidente da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, e o presidente da La Liga, Javier Tebas - a nova organização prometeu ser a voz dos clubes que, a nível europeu, não têm poder nem representação.

À Euronews a Secretária-geral da UEC e professora de Direito do Desporto, Katarina Pijetlovic, explicava que existem "mais de 1500 clubes de futebol profissional na Europa e mais de 90% deles não têm qualquer possibilidade de votar no atual órgão representativo, que é a Associação Europeia de Clubes".

Estes clubes não têm qualquer poder ou influência sobre as regras que regem e afetam, diretamente, as suas oportunidades financeiras e desportivas - como o acesso às competições e a redistribuição de dinheiro.
Katarina Pijetlovic
Secretária-geral da UEC

Quem representa, atualmente, os clubes europeus junto da UEFA?

Dirigida pelo presidente do PSG, Nasser Al-Khelaifi, a Associação Europeia de Clubes (ECA) é, atualmente, o único organismo reconhecido pela UEFA (organismo que rege o futebol europeu) para representar os interesses dos clubes a nível europeu.

A organização tem uma forte influência na decisão sobre a forma como a Liga dos Campeões é gerida e distribui o dinheiro. Entre os seus membros fundadores contam-se o Manchester United, o Real Madrid, o Barcelona e a Juventus.

No entanto, os clubes que participam, regularmente, nas competições da UEFA só podem ser membros da ECA com pleno direito de voto. Algo que, segundo Pijetlovic, apenas contribui para "consolidar a sua posição dominante".

Poderá a nova UEC ter um impacto real nas decisões no futebol?

Apesar de o presidente da ECA, Al-Khelaifi, ter desvalorizado o projeto da UEC, ainda não se sabe se a UEFA deixará a porta aberta a esta organização de futebol externa. A Euronews contactou a UEFA e a ECA, mas não obteve resposta.

De acordo com James Kitching, antigo diretor de governação da FIFA, a recém-nascida União de Clubes Europeus "é uma coisa boa" para o futebol.

"Com o apoio dos políticos europeus, e tendo em conta os membros que representa, a UEC oferece uma voz alternativa legítima sobre as questões europeias e mundiais dos clubes", declarou à Euronews.

O que é que a UEC quer mudar?

Um dos pontos mais urgentes para a UEC é alterar a forma como os clubes recebem dinheiro em torneios como a Liga dos Campeões ou a Liga Europa.

Pijetlovic frisava que "uma boa parte" do "dinheiro é redistribuído não por causa do sucesso desportivo na competição, mas por causa da origem do clube, da dimensão do seu mercado ou do seu sucesso histórico". O que quer dizer, explicava, que "pode haver equipas com mais pontos (...) mas que ganham menos dinheiro. O aspeto desportivo conta apenas em cerca de 30%", concluia.

A constituição formal da UEC deverá ter lugar este mês de maio.

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