Milhares de pessoas protestaram contra a acusação dirigida ao Presidente da República Srpska por um incumprimento que lhe pode custar a prisão
Centenas de bósnios sérvios protestaram esta sexta-feira contra a acusação dirigida ao respetivo líder político, Milorad Dodik.
O protesto foi realizado na fronteira não demarcada que separa a Bósnia-Herzegovina em duas entidades políticas, a República da Srpska (dos bósnios sérvios) e a Federação Bósnia-croata, definida pelos acordos de Dazton, mediados em 1995 pelos Estados Unidos para acabar com o conflito na região e que criou ainda uma terceira parte no país, o chamado distrito Brcko.
O presidente da República Srpska foi acusado pelo Ministério Público Bósnio de não ter cumprido as decisões do alto Representante Internacional na Bósnia-Herzegovina, o que pode resultar num crime punível com seis meses a cinco anos de prisão.
Anunciada a 11 de agosto, a acusação visa também o diretor do jornal oficial da entidade sérvia, Milos Lukic, mas ainda não foi validada pelo Tribunal de Estado.
"Esta é a última linha vermelha para a República Srpska. Vamos proteger a nossa terra e as nossas instituições, porque se elas nos forem retiradas, não existiremos. A República Srpska é sagrada e nós defendê-la-emos", assegurou à France Press Anja Ljubojevic, vice-presidente do parlamento da entidade sérvia, que participou na manifestação desta sexta-feira nos subúrbios de Sarajevo.
O protesto teve como lema "A fronteira existe" e teve eco na região de Tuzla e Doboj (norte), Nevesinje (sudeste) e Sarajevo, reunindo vários milhares de pessoas, de acordo com a imprensa sérvia.
Dodik, que é próximo do Kremlin, defende a separação da Srpska da Bósnia e a integração na Sérvia, o que contraria os acordos de Dayton e, por isso, foi primeiro sancionado pelos Estados Unidos e agora acusado pelas autoridades bósnias.
Este tipo de manifestação na linha de demarcação entre as entidades bósnias, onde não existem controlos formais de passagem, é extremamente raro desde o fim da guerra que, há quase 30 anos, custou a vida a quase 100 mil pessoas.