Os agricultores portugueses juntam-se aos protestos que têm ocorrido por toda a Europa, a favor de “melhores condições no setor agrícola”.
Os agricultores portugueses vão manifestar-se esta quinta-feira, com tratores agrícolas nas estradas de várias zonas do país. Assim como os restantes agricultores europeus, os portugueses juntam-se ao protesto a favor de "condições mais justas" e da "valorização da atividade".
O protesto dos agricultores portugueses é uma iniciativa organizada pelo Movimento Civil Agricultores de Portugal, e convida toda a sociedade civil a estar presente. Na origem do protesto estão os cortes nos pagamentos aos agricultores no âmbito do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), que levaram a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) a acusar o Ministério da Agricultura de incompetência devido a erros de programação.
Os agricultores espanhóis também se vão juntar à onda de indignação que varre a Europa. Três grandes associações agrícolas espanholas concordaram em lançar protestos nas próximas semanas para exigir mudanças naquilo que descrevem como políticas demasiado restritivas da UE.
Os agricultores bloquearam mais estradas na Bélgica, França e Itália, na passada quarta-feira, impedindo o comércio nos principais portos e noutros setores estratégicos para aumentar a pressão antes da cimeira da União Europeia em Bruxelas, que decorre esta quinta-feira.
Os manifestantes protestam a favor de melhores preços para os seus produtos e a redução do que consideram ser uma regulamentação excessiva que dificulta o seu trabalho, segundo as agências internacionais.
Embora os dias de protesto tenham sido em grande parte pacíficos, a polícia francesa prendeu 91 manifestantes que invadiram o maior mercado alimentar da Europa na passada quarta-feira, de acordo com fontes policiais. Veículos blindados bloqueiam as entradas do vasto mercado de Rungis, a sul da capital francesa.
Comissão Europeia planeia concessões
Os protestos tiveram um impacto imediato na quarta-feira: a Comissão Europeia anunciou planos para proteger os agricultores das exportações baratas da Ucrânia em tempo de guerra e permitir que estes utilizem algumas terras que tinham sido forçadas a ficar em pousio por razões ambientais.
Os planos ainda têm de ser aprovados pelos 27 Estados-membros do bloco e pelo Parlamento Europeu, mas representam uma concessão súbita e simbólica.
As recentes manifestações fazem parte de um movimento crescente de protestos de agricultores em toda a UE e mostraram como algumas centenas de tratores podem bloquear o trânsito em capitais como Berlim, Paris, Bruxelas e Roma.
De acordo com o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, estão a ocorrer mais de 100 protestos em todo o país, que envolvem cerca de 10.000 agricultores. O ministro alertou, ainda, os agricultores dos arredores de Paris que qualquer tentativa de bloquear o mercado de Rungis e os aeroportos, e de entrar na capital, seria considerada “linha vermelha”.
Os manifestantes colocaram uma grande faixa na autoestrada A6, a sul da capital francesa, onde se lia: "Paris, deixa passar os nossos agricultores".
Na Bélgica, os agricultores planeiam protestar em frente à sede da UE durante uma cimeira de líderes governamentais. Os manifestantes pretendem incluir as suas questões na agenda da cimeira e obter algumas concessões relativamente aos encargos financeiros que enfrentam e à crescente concorrência de países distantes como o Chile e a Nova Zelândia.
"É importante que os ouçamos", disse o primeiro-ministro belga Alexander De Croo. "Os desafios que enfrentam são gigantescos", desde a adaptação às alterações climáticas até à luta contra a poluição ambiental.
O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que pretende adiar um acordo de comércio livre com os países da América do Sul devido à forte oposição dos agricultores da UE, e irá abordar a questão na cimeira.