As forças militares israelitas entraram no hospital Nasser Israel, em Khan Younis, após um bombardeamento que matou pelo menos uma pessoa.
As forças israelitas invadiram esta quinta-feira o Hospital Nasser, em Khan Younis - o maior que se mantém em funcionamento na Faixa de Gaza - depois de terem dado ordem de evacuação a todos os que se encontravam nas instalações da unidade de saúde, de acordo com testemunhas no local.
Os profissionais de saúde do hospital garantiram às agências internacionais que o complexo já tinha sido atingido pelo fogo israelita durante a madrugada, num ataque que matou uma pessoa e feriu outras oito. As Forças de Defesa de Israel revelaram apenas que estavam a conduzir uma operação "precisa e limitada" no hospital.
"Temos provas credíveis de várias fontes, incluindo de reféns libertados, que indicam que o Hamas deteve reféns no Hospital Nasser em Khan Younis", informou Daniel Hagari, porta-voz das FDI. "Enfatizamos que não há obrigação de os doentes ou funcionários deixarem o hospital. Contudo, estamos a incentivar a população, em árabe, por telefone ou altifalantes, a afastar-se do perigo representado pelo Hamas através de um corredor humanitário aberto para este propósito".
Um porta-voz do Hamas desmentiu que os seus combatentes se encontrem no hospital.
O porta-voz do Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas, revelou que Israel tinha forçado os médicos no hospital a abandonarem doentes nos cuidados intensivos, colocando vidas em perigo. Muitos profissionais de saúde terão tentado abandonar o local ainda na quarta-feira.
Segundo os Médicos Sem Fronteiras, as pessoas no hospital foram confrontadas com uma escolha impossível de fazer: ficar e "tornar-se um potencial alvo" ou fugir para uma "cenário apocalíptico" de bombardeamentos.
O principal hospital da Faixa de Gaza está alegadamente sob cerco desde 6 de fevereiro, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, que denuncia que a última vez que teve acesso ao Hospital Nasser foi a 29 de janeiro.
Um relatório da ONU, publicado recentemente, indica que Israel já conduziu mais de 350 ataques a instalações sanitárias em Gaza desde 7 de outubro.
De acordo com o direito internacional, as instalações médicas não devem ser atacadas.
O ataque ao hospital, onde muitos pacientes ainda permanecem, será parte do plano de Israel para um ataque terrestre à cidade vizinha de Rafah, segundo as agências internacionais. Após os bombardeamentos dos últimos dias, as Forças de Defesa de Israel estarão prontas para entrar na cidade. Enquanto isso, muitos palestinianos estão a abandonar a cidade no sul da Faixa de Gaza, onde mais de 1,4 milhões de pessoas vivem agora em condições preocupantes, e a dirigir-se para Deir el-Balah e para o campo de refugiados de Nuseirat.
O apelo para parar a operação em Rafah
Os líderes da Austrália, Canadá e Nova Zelândia, o Presidente de França e o Diretor-Geral da Organização Mundial de Saúde apelaram a Israel para que não prosseguisse com a operação terrestre em Rafah.
"Acho que nem o inferno consegue descrever... Peço a Israel que não o faça", disse Tedros.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, encontrou-se com seu homólogo egípcio, Abdel Fattah el-Sisi, no Cairo. Os dois pediram um cessar-fogo em Gaza. Mas, na quarta-feira, o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu anunciou que a operação em Gaza continua e que não haverá novas negociações até que o Hamas mude as suas exigências "delirantes".