Newsletter Boletim informativo Events Eventos Podcasts Vídeos Africanews
Loader
Encontra-nos
Publicidade

Von der Leyen admite acordo com eleitos pelo partido de Meloni

Ursula von der Leyen, Presidente da Comissão Europeia e principal candidata do PPE
Ursula von der Leyen, Presidente da Comissão Europeia e principal candidata do PPE Direitos de autor  Luis MILLAN/EP
Direitos de autor Luis MILLAN/EP
De Paula Soler
Publicado a Últimas notícias
Partilhe esta notícia Comentários
Partilhe esta notícia Close Button
Copiar/colar o link embed do vídeo: Copy to clipboard Copied

A cabeça de lista do centro-direita às eleições europeias, Ursula von der Leyen, mostrou-se disponível para cooperar com elementos do partido Irmãos de Itália (extrema-direita), da primeira-ministra Giorgia Meloni, durante um debate no Parlamento Europeu, quinta-feira, em Bruxelas.

PUBLICIDADE

Uma coligação entre eurodeputados eleitos por partidos que pertencem ao Partido Popular Europeu (PPE), de centro-direita, e eleitos pelo Irmãos de Itália (na bancada Conservadores e Reformistas Europeus (CRE), de extrema-direita) é uma possibilidade, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no debate da Eurovisão.

A cabeça de lista do centro-direita esclareceu que a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, (líder do Irmãos de Itália e presidente do CRE) preenche os critérios para futuras parcerias: é pró-União Europeia, é contra o presiddente da Rússia, Vladimir Putin, e é a favor do Estado de direito.

O PPE é o único partido que não assinou uma recente declaração de bancadas moderadas no Parlamento Europeu que se comprometeram a não cooperar com forças nacionalistas e de extrema-direita, como são classificadas as bancadas CRE e Identidade e Democracia (ID).

A bancada CRE inclui o Vox (Espanha), o Reconquista (França), o Irmãos de Itália, entre outros. A bancada ID inclui a Liga (Itália), o Reagrupamento Nacional (França), entre outros.

Apesar das estimativas de subida de intenções de voto nestas duas bancadas, não estiveram representadas no debate porque não subscrevem o sistema de nomeação de um cabeça de lista para a presidência da Comissão Europeia, mas a extrema-direita foi um dos temas dominantes. 

No debate participaram, ainda, os cabeças de lista do centro-esquerda, liberais, verdes e esquerda radical, sendo os quatro representantes muito críticos desta aproximação de von der Leyen a uma bancada que tem partidos de extrema-direita.

"Não considero que a CRE e a ID sejam forças democráticas, porque têm uma visão diferente da Europa", afirmou o candidato socialista, Nicholas Schmit.

Schmit garantiu que nunca trabalharia com a extrema-direita e perguntou a von der Leyen o que significava ser pró-europeia: "A ideia de Europa [de Meloni] não é a mesma que a sua".

"Os partidos de extrema-direita são absolutamente contra a Europa, querem desmantelar a Europa a partir do seu interior", afirmou Sandro Gozi, por parte dos liberais, que se reúnem na bancada Renovar a Europa.

Von der Leyen disse que não tenciona aliar-se a todo o grupo CRE, mas apenas contar com os votos dos eurodeputados eleitos por partidos que cumpram os três critérios. A confirmação do próximo presidente da Comissão Europeia tem de ser feita com uma votação por maioria simples no Parlamento Europeu. 

Os cinco candidatos debateram temas que vão desde a economia à defesa, passando pela migração e pelo clima, naquele que foi o último confronto antes da ida às urnas, de 6 a 9 de junho.

Expulsar o partido liberal neerlandês VVD "já", pede Reintke

A candidara ecologista, Terry Reintke (eurodeputada alemã), pressionou Sandro Gozi sobre a entrada do partido liberal VVD num governo liderado pela extrema-direita nos Países Baixos, tendo o candidato liberal francês admitido que seria um "grande erro".

"Neste parlamento, diremos sempre não a uma aliança com a extrema-direita", comentou Gozi, sublinhando que ainda não há governo nos Países Baixos e que o seu grupo está focado nas eleições europeias.

No início da semana, Valérie Hayer (eurodeputada francesa), que é a presidente do Renovar a Europa (que agrega os partidos liberais), anunciou que o grupo iria votar a eventual expulsão do partido neerlandês VVD, mas só depois das eleições europeias.

Terry Reintke e Sandro Gozi
Terry Reintke e Sandro Gozi Philippe BUISSIN/EP

Reintke evocou a experiência da Alemanha, nos anos 30 do século passado, para alertar para os perigos de uma viragem para a extrema-direita, como prevêem as sondagens.

"É preciso enviar agora um sinal muito claro", insistiu a candidata dos Verdes, advertindo os seus colegas para que não se aproximarem daquela ideologia

UE precisa de mais "recursos próprios" para financiar a defesa

Após a agressão militar da Rússia em grande escala na Ucrânia, a UE tem apoiado o país financeira e militarmente, comprometendo-se a investir mais nas indústrias e capacidades de defesa do próprio bloco. Mas os partidos (e os Estados-membros) têm adotado abordagens divergentes.

Gozi defendeu o reforço da defesa através de laços comuns e Reintke (que é eurodeputada alemã) falou de um fundo europeu de defesa.

Von der Leyen sublinhou que só há duas formas de financiar a expansão da indústria de defesa do bloco: contribuições dos Estados-membros ou novos financiamentos nos mercados financeiros, dizendo que estava mais inclinada para apoiar a segunda.

"Penso que é altura de falar de recursos próprios para o nível europeu. Não se pode atribuir tarefas a nível europeu sem as financiar", afirmou von der Leyen.

A presidente da Comissão recordou, também, a ideia do primeiro-ministro grego,  Kyriakos Mitsotakis, de criar um escudo de defesa aérea para a Europa, no âmbito da necessidade de melhorar as capacidades de defesa e segurança do bloco.

"Temos de garantir que a fragmentação que existe na UE acaba, que temos projetos europeus comuns", afirmou.

Já Terry Reintke disse que a UE também precisa de reformar as regras de votação no Conselho Europeu (que reúne os líderes dos Estados-membros) para evitar que um único Estado-membro faça descarrilar as decisões de política externa, como fez o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, com os pacotes de sanções contra a Rússia.

"Não podemos dar a pessoas como Viktor Orbán o direito de veto sobre a nossa segurança", afirmou Reintke.

Dignificar a vida dos cidadãos europeus

Duas das principais preocupações dos cidadãos europeus, segundo a sondagem do  Eurobarómetro, são a luta contra a pobreza e a criação de novos empregos. No entanto, as questões sociais foram relegadas para segundo plano no debate, que se centrou muito na defesa, política externa e segurança.

Schmit, que é comissário europeu para o Emprego e Direitos Sociais, sublinhou a necessidade de investir nas pessoas, melhorar as suas condições de trabalho, garantir um nível de vida digno, reduzir a pobreza e proporcionar igualdade de oportunidades a todos.

O luxemburguês foi apoiado pelo líder da esquerda, Walter Baier, que começou o seu discurso recordando a necessidade de falar de problemas da vida real durante o debate.

Segundo Baier, as raízes da ascensão da extrema-direita são sociais: "Se não dermos às pessoas uma vida digna, uma habitação decente e empregos seguros, não conseguiremos derrotar a extrema-direita na Europa", sublinhou.

Ir para os atalhos de acessibilidade
Partilhe esta notícia Comentários

Notícias relacionadas

Debate Europeias: eleitores que votam pela primeira vez colocaram questões aos candidatos

Putin assina decreto que acelera confiscação de ativos de empresas estrangeiras na Rússia

Corpos de cinco presumíveis migrantes encontrados no deserto no norte da Líbia