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Al Gore apela à reforma do processo da COP

Al Gore, antigo vice-presidente dos EUA, numa entrevista à Euronews em Baku, Azerbaijão, 15 de novembro de 2024
Al Gore, antigo vice-presidente dos EUA, numa entrevista à Euronews em Baku, Azerbaijão, 15 de novembro de 2024 Direitos de autor  Euronews
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De Robert Hodgson
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Em entrevista exclusiva à Euronews, o ex-vice-presidente dos Estados Unidos da América e atual ativista pelo clima, Al Gore, afirmou que é "absurdo" que a presidência das negociações da ONU sobre o clima esteja a ser repetidamente entregue a países petrolíferos.

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"Penso que o processo deve ser reformado", disse Gore sobre a cimeira da COP, em entrevista exclusiva à Euronews, em Baku, capital do Azerbaijão.

"Penso que é absurdo ter, por exemplo, o que tivemos no ano passado, com o CEO de uma das empresas petrolíferas mais sujas do planeta a presidir à COP", disse, referindo-se à cimeira do clima de 2023 no Dubai.

"É um conflito de interesses direto", acrescentou, argumentando que o problema persiste este ano, com o Azerbaijão a assumir a presidência da COP.

"Embora o presidente desta COP não seja o líder da indústria petrolífera, está em sintonia com a dependência deste país em relação aos combustíveis fósseis", afirmou Gore. "Noventa por cento da sua balança de pagamentos provém da venda de petróleo e gás".

Mukhtar Babayev, nomeado ministro da Ecologia e dos Recursos Naturais do Azerbaijão em 2018, após uma carreira de duas décadas na Companhia Estatal de Petróleo da República do Azerbaijão (Socar), foi nomeado em janeiro para presidir à COP deste ano.

Gore apontou a Rússia, que tinha vetado a ideia de qualquer país da UE acolher as conversações, como a força motriz por detrás da seleção do Azerbaijão, que se insere na região da Europa de Leste que estava na linha da frente da presidência deste ano.

"Como a voz mais alta nesta região do mundo, foi a Rússia que fez esta escolha", disse Gore, cujo ativismo climático, desde que perdeu por pouco as eleições presidenciais dos EUA em 2020, o levou a partilhar o Prémio Nobel da Paz com o Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas da ONU em 2007.

Gore falou à Euronews pouco antes de organizar um evento com o Climate Reality Project, que fundou em 2006 e ao qual ainda preside.

"Uma das reformas que propus é dar ao secretário-ceral da ONU uma palavra a dizer sobre quem acolhe as COP, e não deixar que vozes como a de Vladimir Putin determinem quem fica com esta e que sejam os petro-Estatos do Médio Oriente a decidir", afirmou Gore.

O ex-vice-presidente dos EUA, que esteve ao lado do presidente Bill Clinton entre 1993 e 2001, também alertou para o facto de não se poder confiar em soluções tecnológicas para enfrentar a crise climática, numa altura em que as temperaturas médias globais sobem constantemente em direção ao limite de 1,5 °C acima do valor registado antes do início do século XX.

Gore destacou a captura e armazenamento de carbono, que normalmente envolve o bombeamento de CO2 para o subsolo ou para o fundo do mar em campos de gás esgotados, uma tecnologia que está a ser promovida tanto nos EUA como na Europa ao abrigo da Lei da Indústria de Impacto Zero da UE.

"Está provado que são completamente ridículas e totalmente ineficazes", afirmou Gore. "É claro que as empresas de combustíveis fósseis querem fingir que essa é a solução - tudo o que não seja reduzir a quantidade de combustíveis fósseis queimados ou reduzir os seus mercados".

Em relação à cimeira COP29, rodeada de discussões diplomáticas e críticas à forte presença de lobistas do petróleo e do gás, Gore foi claro quanto aos resultados necessários na área do financiamento climático - o foco das negociações deste ano.

"Se olharmos para o financiamento da revolução das energias limpas até agora, 85% do financiamento tem vindo do sector privado", afirmou Gore.

"O verdadeiro problema é que os países em desenvolvimento, que não têm conseguido participar muito... têm de pagar taxas de juro tão elevadas que ficam impedidos de aceder ao capital privado dos investidores de todo o mundo".

A cimeira de Baku decorre até 22 de novembro, data em que se espera que os cerca de 200 países participantes cheguem a acordo sobre um "novo objetivo coletivo quantificado" para financiar a transição energética e a adaptação às alterações climáticas no mundo em desenvolvimento.

Editor de vídeo • Evelyn Ann-Marie Dom

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