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Chefe da agência nuclear da ONU visita Irão para restabelecer acesso ao programa de Teerão

Rafael Grossi, diretor-geral da AIEA, durante uma conferência de imprensa conjunta com Mohammad Eslami, chefe da Organização da Energia Atómica do Irão, em Teerão, 14 de novembro de 2024
Rafael Grossi, diretor-geral da AIEA, durante uma conferência de imprensa conjunta com Mohammad Eslami, chefe da Organização da Energia Atómica do Irão, em Teerão, 14 de novembro de 2024 Direitos de autor  Vahid Salemi/Copyright 2024 The AP. All rights reserved
Direitos de autor Vahid Salemi/Copyright 2024 The AP. All rights reserved
De Euronews com AP
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Desde o colapso do acordo histórico em 2018, o Irão abandonou todos os limites às suas atividades nucleares e enriquece urânio até 60%, o que se aproxima dos níveis de 90% para armas.

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O chefe da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) avisou que o "espaço para a negociação e a diplomacia está a diminuir" a propósito do avanço do programa atómico iraniano, numa altura em que os conflitos no Médio Oriente se intensificam e Donald Trump se prepara para regressar à Casa Branca.

Rafael Grossi visitou o Irão para tentar restabelecer o acesso dos seus inspetores ao programa nuclear do país e obter respostas às questões pendentes.

No entanto, os comentários de Grossi e do seu homólogo iraniano numa conferência de imprensa sugerem que ainda existem lacunas consideráveis, mesmo quando alguns países estão a fazer pressão para que sejam tomadas medidas contra o Irão na próxima reunião do Conselho de Governadores da AIEA.

"Sabemos que é indispensável obter, neste momento, alguns resultados concretos, tangíveis e visíveis que indiquem que este trabalho conjunto está a melhorar a situação, a clarificar as coisas e, de um modo geral, a afastar-nos do conflito e, em última análise, da guerra", afirmou Grossi.

Desde o colapso do acordo nuclear histórico em 2018, o Irão abandonou todos os limites às suas atividades nucleares e enriquece urânio até 60% de pureza, o que se aproxima dos níveis de 90% de grau de armamento.

O colapso do JCPOA

O Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA) entrou em vigor em 2016 e foi assinado por sete países e pela União Europeia. O plano previa a redução das sanções contra o Irão e outras disposições para limitar o programa nuclear de Teerão.

Mas, em 2018, o presidente Donald Trump retirou unilateralmente os Estados Unidos do pacto, apelidando-o de "o pior acordo da história" e aplicando duras sanções económicas a Teerão.

As câmaras de vigilância instaladas pela AIEA foram interrompidas, enquanto o Irão impediu o acesso às instalações a alguns dos inspetores mais experientes da agência.

Um homem passa por um cartaz que mostra mísseis a serem lançados de um mapa iraniano em Teerão, 19 de abril de 2024
Um homem passa por um cartaz que mostra mísseis a serem lançados de um mapa iraniano em Teerão, 19 de abril de 2024 Vahid Salemi/Copyright 2024 The AP. All rights reserved

Os responsáveis iranianos têm vindo a ameaçar cada vez mais que poderão vir a desenvolver armas nucleare, algo que preocupa o Ocidente e a AIEA há anos, desde que Teerão abandonou um programa de armamento organizado em 2003.

Numa conferência de imprensa com Mohammad Eslami, da Organização da Energia Atómica do Irão, Grossi sublinhou que, embora a AIEA e o Irão continuassem a negociar, o tempo não estava necessariamente do seu lado.

"O facto de existirem tensões internacionais e tensões regionais mostra que o espaço para a negociação e a diplomacia não está a aumentar, está a diminuir", afirmou.

Antes de se encontrar com Eslami, Grossi reuniu-se com o Ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, que mais tarde escreveu num post no X que "as diferenças podem ser resolvidas através da cooperação e do diálogo".

No entanto, avisou que Teerão "não está disposto a negociar sob pressão e intimidação".

Trabalhador anda de bicicleta em frente ao edifício do reator da central nuclear de Bushehr, 26 de outubro de 2010
Trabalhador anda de bicicleta em frente ao edifício do reator da central nuclear de Bushehr, 26 de outubro de 2010 Majid Asgaripour/AP

Alguns políticos chegaram mesmo a sugerir que o Irão abandonasse o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, conhecido como TNP, e procurasse a bomba.

Araghchi referiu-se ao Irão como "um membro empenhado do TNP", embora Eslami tenha avisado nas suas observações que o Irão poderia retaliar se fosse desafiado na próxima reunião do Conselho de Governadores da AIEA.

Grossi reconheceu que algumas nações estão a considerar a possibilidade de tomar medidas contra o Irão.

"Dissemos repetidamente que qualquer resolução que vise intervir nos assuntos nucleares da República Islâmica do Irão será definitivamente seguida de medidas recíprocas imediatas e não permitiremos que (exerçam) este tipo de pressão", disse Eslami.

Os jornalistas presentes na conferência de imprensa, bem como Eslami, criticaram Israel pela sua longa campanha de sabotagem e assassínio contra o programa nuclear iraniano.

Alguns observaram que os funcionários israelitas ameaçaram as instalações nucleares iranianas como alvos de retaliação potencial, uma vez que o Irão e Israel trocam ataques diretos no meio da guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza e da ofensiva terrestre e aérea de Israel no Líbano.

"A resposta está no que fazemos aqui, no que nós, a AIEA, e o Irão podemos fazer para resolver as questões que temos em mãos", disse Grossi, descrevendo "uma situação de tensão" com o programa nuclear iraniano no seu centro.

"Estou aqui para trabalhar com o Irão, (para) tentar encontrar soluções adequadas para aliviar as tensões, para avançar. É este o meu objetivo. É esta a minha preocupação. E estou confiante de que o vamos conseguir fazer", afirmou.

No entanto, quando os dois homens terminaram a conferência de imprensa, sob gritos de perguntas dos jornalistas, nenhum deles deu qualquer sinal de que um avanço estivesse iminente.

Grossi também se reuniu na quinta-feira pela primeira vez com o presidente reformista Masoud Pezeshkian. Na sexta-feira, Grossi visitará as instalações de enriquecimento nuclear de Fordo e Natanz.

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