A invasão da Rússia, que começou em fevereiro de 2022, tem sido também uma fonte de controvérsia religiosa dentro da Igreja Ortodoxa e tem gerado uma divisão entre os crentes.
Vladimir Putin encontrou-se esta terça-feira com o líder da Igreja Ortodoxa Russa, Patriarca Kirill, a quem pediu para abençoar as tropas que combatem na Ucrânia.
O encontro, a propósito de uma missa de Natal na Igreja de São Jorge, o Vitorioso, em Moscovo, ocorreu no momento em que os ortodoxos celebram o Natal.
Putin apresentou as saudações de Natal e pediu a Kirill que consagrasse cruzes e ícones que preparou como presentes para os comandantes das tropas que combatem na Ucrânia.
“Penso que ficarão especialmente satisfeitos por receber estes símbolos de fé consagrados por si no dia de Natal”, disse Putin.
Os russos e alguns outros crentes ortodoxos celebram geralmente o Natal a 7 de janeiro, enquanto os festejos católicos decorrem a 25 de dezembro.
O Patriarca Kirill fez uma oração e pulverizou água benta nas caixas de presentes enquanto Putin observava. Antes o Patriarca descreveu a invasão da Ucrânia por Moscovo como parte de uma luta espiritual contra o Ocidente e contras as marchas do orgulho gay.
Um conselho, a que presidiu, declarou a invasão da Rússia como uma “guerra santa” em defesa de um “espaço espiritual único” na região, com alegações de que a Rússia estava a proteger o mundo do “globalismo e da vitória do Ocidente que caiu no satanismo”.
Na Ucrânia, o Cristianismo Ortodoxo, a maior denominação religiosa, está agora dividido entre as igrejas leais ao Patriarcado de Moscovo e outras sob um corpo eclesiástico e canónico separado.
A invasão da Rússia, que começou em fevereiro de 2022, tem sido também uma fonte de controvérsia religiosa dentro da Igreja Ortodoxa na Europa de Leste e tem gerado divisões entre os crentes na Rússia e na Ucrânia., particularmente entre a Igreja Ortodoxa Ucraniana do Patriarcado de Moscovo.
No ano passado, Kiev promulgou de forma controversa um projeto de lei que proibia as atividades do Patriarcado de Moscovo devido às ligações desta ao Kremlin.
A lei provocou reações entre os cristãos, incluindo o líder da Igreja Católica, o Papa Francisco, que levantou preocupações de um possível precedente perigoso para todas as liberdades religiosas, dizendo que a situação não era “preto e branco”.
As autoridades de Kiev insistem que não vão ser impostas restrições aos fiéis do Patriarcado de Moscovo na Ucrânia, em particular àqueles dispostos a condenar oficial e abertamente a invasão de Moscovo e as políticas do Kremlin.
A Igreja Ortodoxa Ucraniana foi criada em 1990 como uma igreja autónoma sob a jurisdição da Igreja Ortodoxa Russa.
Ao contrário da fé católica, liderada pelo Vaticano, os cristãos ortodoxos orientais estão autorizados a solicitar uma jurisdição independente.