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Crianças no Haiti sujeitas a violência brutal por parte de gangues, revela relatório

Pessoas fazem fila para receber comida num abrigo para famílias desalojadas pela violência de gangues no bairro de Kenscoff, em Port-au-Prince, Haiti.
Pessoas fazem fila para receber comida num abrigo para famílias desalojadas pela violência de gangues no bairro de Kenscoff, em Port-au-Prince, Haiti. Direitos de autor  AP Photo
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De Rory Sullivan
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Pelo menos 5.600 pessoas foram mortas no Haiti em 2024, um aumento de mais de 1.000 em relação ao ano anterior. Outras 2.212 pessoas ficaram feridas e 1.494 foram raptadas.

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No Haiti, os gangues são culpados de crimes generalizados contra crianças, incluindo violações e assassinatos, afirmou a Amnistia Internacional.

Num novo relatório publicado esta quarta-feira, a ONG afirmou que a escalada da violência no país “tem sido nada menos do que um ataque à infância” propriamente dita.

A situação de segurança no Haiti piorou significativamente após o assassinato do presidente Jovenel Moïse, em julho de 2021. Os gangues controlam agora vastas áreas do país, incluindo a maior parte da capital, Port-au-Prince.

Pensa-se que, atualmente, mais de um milhão de crianças vivem em zonas controladas por gangues.

A secretária-geral da Amnistia Internacional, Agnès Callamard, acusou os gangues de ameaçarem, espancarem, violarem e matarem crianças.

“A vida de demasiadas crianças no Haiti está a ser destruída e elas não têm para onde ir em busca de proteção ou justiça”, afirmou Callamard.

“São perseguidas e, por vezes, mortas por grupos de autodefesa, enquanto as autoridades as detêm arbitrariamente. A infância está a ser roubada.

Como parte da investigação da ONG, os investigadores entrevistaram 112 pessoas, incluindo 51 crianças, e documentaram os casos de 18 raparigas que tinham sido abusadas sexualmente por membros de gangues.

A violência sexual contra crianças no Haiti aumentou 1.000% desde 2023, de acordo com um relatório recente da Unicef.

“Não existe polícia... Os únicos chefes da cidade são os membros dos gangues”, disse uma rapariga que foi raptada e violada em 2023.

Outra ficou grávida depois de ter sido violada por cinco homens. “Isso destruiu-me... Não tenho ninguém para me ajudar com o bebé”, referiu.

Os gangues também recrutaram muitas crianças, explorando o medo e a fome.

Um rapaz de 12 anos afirmou que foi forçado a ser informador do gangue de Grand Ravine. “Se eu não o fizesse, eles matavam-me.”

Estas crianças correm depois o risco de ser alvo de grupos de autodefesa, que são conhecidos por terem matado crianças que se pensa estarem associadas a gangues.

Também as balas perdidas mutilaram e mataram muitas crianças. Uma rapariga de 14 anos, cujo irmão foi morto desse modo, foi ela própria atingida na cara. “Não é uma zona calma. Existem problemas a toda a hora. Ouvimos muitos tiros. Não suporto os tiros.”

A Amnistia Internacional apelou ao governo haitiano e aos doadores internacionais para que trabalhem em conjunto num plano de proteção das crianças. O fluxo maciço de armas para o Haiti também deve ser interrompido, destacou a mesma fonte.

“A comunidade internacional não pode continuar a fazer promessas vãs”, refere ainda o relatório.

“O país precisa de assistência técnica e financeira imediata e sustentada para evitar que uma geração de rapazes e raparigas se perca em ciclos repetidos de violência de gangues”, acrescentou.

Pelo menos 5.600 pessoas foram mortas no Haiti em 2024, um aumento de mais de 1.000 em relação ao ano anterior. Outras 2.212 pessoas ficaram feridas e 1.494 foram raptadas.

Entretanto, mais de 5,5 milhões de haitianos precisam de assistência humanitária urgente.

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