O Supremo Tribunal Federal do Brasil tomou a decisão por ter tido aparentemente acesso a provas que apontavam para uma fuga do país por parte do ex-presidente, que procuraria pedir asilo político a Donald Trump.
Jair Bolsonaro vai passar a ser monitorizado 24 horas por dia. O Supremo Tribunal Federal do Brasil (STF) decidiu colocar o antigo presidente do país com pulseira eletrónica na sequência de provas que apontavam para uma tentativa de fuga do país.
A Polícia Federal realizou buscas na residência de Bolsonaro e em escritórios do Partido Liberal, em Brasília.
O jornal brasileiro O Globo adianta que foram encontrados no domicílio do ex-chefe de Estado 14 mil dólares (cerca de 12 mil euros), bem como uma pen drive escondida na casa de banho que agora será analisada pelas equipas científicas.
Segundo o mesmo diário, Jair Bolsonaro está proibido de sair de casa entre as 19h e as 7h, de aceder a redes sociais e de contactar com embaixadores e diplomatas estrangeiros.
Além disso, não pode comunicar com outros arguidos e pessoas investigadas no processo, o que na prática significa que está impedido de falar com o filho Eduardo Bolsonaro, atualmente nos Estados Unidos (EUA). Em causa, estarão crimes de coação, obstrução à justiça e ataque à soberania nacional.
Bolsonaro já estava acusado de tentativa de golpe de Estado para se manter no cargo depois de perder as eleições presidenciais de 2022, arriscando uma pena de prisão de 12 a 40 anos.
As buscas desta sexta-feira aconteceram no âmbito de uma investigação aberta em 11 de julho, dois dias depois de Donald Trump ter anunciado tarifas de 50% sobre os produtos importados do Brasil.
Na quinta-feira, o presidente norte-americano escreveu uma carta a Bolsonaro, na qual disse esperar que o governo brasileiro "acabe com o seu ridículo regime de censura". Trump sublinha que manifestou a sua desaprovação publicamente e através da política tarifária face ao Brasil, lamentando o que considerou ser um "terrível tratamento" recebido pelo ex-presidente brasileiro "nas mãos de um sistema injusto".
O atual chefe de Estado do Brasil, Lula da Silva, já se mostrou indignado com a publicação de Donald Trump na plataforma Truth Social, acusando-o de "tentar interferir na justiça brasileira" e falando de "um grave atentado à soberania nacional".
Bolsonaro nega tentativa de fuga
Em declarações aos jornalistas, Jair Bolsonaro garantiu que jamais diligenciou para fugir à justiça. "Nunca pensei em sair do Brasil ou ir para uma embaixada”, declarou.
O antigo presidente brasileiro acrescentou que abandonar o país seria "a coisa mais fácil", qualificando as restrições a ele aplicadas como "suprema humilhação".
A defesa de Bolsonaro recebeu as medidas de coação "severas" com "surpresa e indignação", sublinhando que ele "sempre cumpriu com as determinações do Poder Judiciário".
Os filhos do antigo chefe de Estado também já reagiram.
O senador Flávio Bolsonaro disse que "o ódio tomou conta" de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal que autorizou os mandados da Polícia Federal, enquanto Eduardo Bolsonaro, deputado federal licenciado, afirmou que o magistrado "dobrou a aposta".